CPI da Covid deve denunciar à ONU os crimes de Bolsonaro na pandemia
“Bolsonaro tem obrigação de defender a vida e não o fez. Ele tem obrigação de garantir o acesso de todos à saúde. E não fez”, disse o senador Humberto Costa ao programa ‘Revista Brasil TVT’
Publicado 09/08/2021 - 11h08
São Paulo – Os crimes contra os direitos humanos cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia serão denunciados pela CPI da Covid ao alto comissariado da ONU e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. “Durante esta investigação pode ser que seja possível identificar ainda mais crimes contra os direitos humanos, como o que aconteceu em Manaus. A população foi feita de cobaia para o uso da cloroquina”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), que defende a denúncia aos organismos internacionais.
“Bolsonaro tem obrigação de defender a vida e não o fez. Ele tem obrigação de garantir o acesso de todos à saúde. E não fez. Ele deixou de cumprir a responsabilidade de preservação da saúde pública ao se omitir na compra de vacinas”, disse Costa em entrevista ao programa Revista Brasil TVT deste domingo (8).
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“Além dos vários crimes de responsabilidade, ele cometeu crimes comuns, como a disseminação da epidemia, por meio do descumprimento de regras sanitárias legalmente estabelecidas”, afirmou.
Nesta semana, os trabalhos da CPI se iniciam com a abordagem do papel das notícias falsas nos prejuízos ao enfrentamento da pandemia. “A desinformação cumpriu um terrível papel”, disse o senador. Nesta terça, a CPI terá o depoimento do tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente da ONG Instituto Força Brasil. Helcio é apontado como elo entre representantes da empresa Davati Medical Supply, que negociava a venda de vacinas, e o Ministério da Saúde.
De acordo com Costa, o uso de informações falsas “vendeu para as pessoas que essa era uma doença simples, e que havia uma cura fácil e barata ao alcance de todos”.
Segundo ele, o uso da cloroquina, bem como de outros remédios que compõem o ‘kit covid’, que o governo federal apoiou e estimulou, representa a aplicação da desinformação na gestão da pandemia. “E isso levou ao adoecimento e morte”, disse o senador.
“Vamos ouvir o Instituto Força Brasil que disseminou mentiras sobre a vacina, de que ela era ineficaz. E se associou ao reverendo Amilton para tentar vender vacinas no Ministério da Saúde. Veja que contradição. Pretendemos compreender como de fato esse esquema funcionava”, destacou o senador, lembrando que o instituto é investigado em inquérito no STF por ameaças à democracia.