SEM FORÇA

Candidatura de Moro não passa de ‘sonho de uma noite de verão’, diz cientista político

Paulo Niccoli Ramirez afirma que ex-juiz possui projeto frágil de governo e segue sem consistência nas pesquisas de intenção de voto para presidente

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Sergio Moro está em quarto lugar das intenções de voto, com apenas 8%, segundo a pesquisa Ipespe

São Paulo – Com menos de dois dígitos percentuais nas pesquisas eleitorais e dificuldade de alavancar sua campanha, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) vê sua pretensão política de chegar à presidência do país cada vez mais fragilizada. Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), a candidatura de Moro é uma peça de William Shakespeare, ou mais precisamente: “Um sonho de uma noite de verão”.

“Os últimos anos produziram reviravoltas, com a anulação das provas contra Lula e também a injustiça cometida contra Dilma. As figuras da ultradireita estão se desgastando diante da opinião pública. A defesa do neoliberalismo é algo tosco, e que Moro endossa, mesmo que o país exija a intervenção econômica do Estado. Então, sua candidatura é um sonho de uma noite de verão”, afirmou o cientista político, em entrevista ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual, nesta terça-feira (15).

Ontem (14), o governador João Doria (PSDB), que cogitou criar uma chapa com o ex-juiz, afirmou que a candidatura de Moro à Presidência da República ficou fragilizada com o episódio envolvendo os comentários de cunho sexista do deputado estadual Arthur do Val (sem partido-SP), até então ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL).

Paulo Niccoli acrescenta que o ex-integrante da Operação Lava Jato não tem consistência política para alçar voos maiores. “É uma candidatura que tem mais convicções do que certificações sobre a possibilidade de vencer as eleições. Moro está num partido de pequena relevância, que ajudou a alavancar o MBL. Além disso, as pesquisas colocam as intenções de voto sobre ele numa expectativa baixa. Ele também não tem base política para conseguir governador, então é uma candidatura sem consistência, apoiada pela onda conservadora”, disse.

Nova edição da pesquisa Ipespe, relativa à primeira quinzena de março, mostra pouca alteração no cenário eleitoral. Sergio Moro está em quarto lugar das intenções de voto, com apenas 8%. Na pesquisa espontânea, Moro aparece com 5% dos eleitores que dizem que votariam nele.

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