Lavando as mãos

Barros diz que ‘nem sabia’ que a Precisa representava Covaxin

Líder do governo ainda atacou os trabalhos da CPI, alegando que farmacêuticas teriam se afastado do país em função das denúncias levantadas

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Barros provocou novo alvoroço ao dizer que a CPI da Covid teria causado "efeitos negativos" ao país

São Paulo – Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (12), o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), negou qualquer envolvimento nas negociações para a compra da vacina Covaxin, intermediadas pela Precisa Medicamentos. A aquisição desse imunizante envolve a suspeita de superfaturamento, além do pagamento antecipado, conforme denúncias apresentadas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, que atua no setor de importação do ministério da Saúde.

Barros apresentou emenda à MP 1.026/2021, que autorizava a importação de imunizantes que fossem liberados pela autoridade sanitária da Índia. Contudo, disse que não teria o objetivo de privilegiar a Precisa. De acordo com o parlamentar, a emenda se deu porque a Índia seria o maior produtor mundial de vacinas. “Eu nem sabia que a Precisa representava a Covaxin ao momento da apresentação da emenda”, disse o deputado.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), contraditou Barros. Ela destacou que outros parlamentares apresentaram emendas para que o Brasil pudesse importar vacinas aprovadas por autoridades sanitárias de “um conjunto de países”. No entanto, Barros “só se preocupou com a Índia, que tinha contrato com a Precisa”. O depoente reagiu, classificando como “ilação” a declaração da parlamentar.

Da defesa ao ataque

Posteriormente, o deputado Ricardo Barros tentou menosprezar os trabalhos da CPI da Covid. Ele respondia sobre suas relações com a empresa Belcher, que chegou a negociar a venda de 60 milhões de doses da vacina Convidecia, da chinesa CanSino, a US$ 17 por dose, valor mais alto que o de outras vacinas. Sediada em Maringá, cidade natal do parlamentar, ele admitiu ser amigo do empresário Francisco Feio Ribeiro Filho, pai de um dos sócios da Belcher.

Barros, contudo, negou que tivesse facilitado o relacionamento da empresa Belcher com o ministério da Saúde. Disse não ser verdadeira a alegação de que seria o imunizante mais caro, já que seria de dose única. Além disso, ele lamentou o fato de o laboratório chinês ter descredenciado a Belcher como representante, em função das denúncias apresentadas pela CPI.

Foi quando atacou os trabalhos da Comissão. “O mundo inteiro quer comprar vacinas. E espero que essa CPI traga bons resultados para Brasil. E produza efeito positivo. Porque o negativo, já produziu muito. Afastou muitas empresas interessas em vender vacinas ao Brasil.” A declaração provocou alvoroço entre os senadores. “Afastamos a vacina que vocês do governo queriam tirar proveito”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que anunciou a suspensão da reunião.

Com informações da Agência Senado