Sem maioria

Esquerda evita vitória de coalizão direitista na Espanha. ‘Esperança venceu o medo’

Aliança da direita e extrema direita espanholas não foi suficiente para formar maioria e indicar primeiro ministro. Negociações prosseguem

Twitter/Yolanda Díaz
Twitter/Yolanda Díaz
"A partir de amanhã, trabalharei para continuar expandindo os direitos neste país", disse Yolanda Días após resultado

São Paulo – Os resultados das eleições gerais da Espanha neste domingo (23) frustraram as expectativas da direita e extrema direita, oposição ao premiê socialista Pedro Sánchez, que estavam certas de que conseguiriam maioria suficiente para governar o país. Mas o Partido Popular (PP), de direita, e o Vox, da extema direita, não obtiveram vitória suficiente para governar. No sistema de monarquia parlamentarista espanhol, o Congresso dos Deputados tem 350 parlamentares e o partido ou coalizão vencedores precisam ter maioria (176 deputados) para indicar o primeiro ministro.

“A Espanha foi bem clara. O bloco que promove o retrocesso fracassou. Os que promovem o machismo e o retrocesso dos direitos humanos fracassaram. Somos os que querem que a Espanha avance”, afirmou Sánchez.

Após o resultado e a confirmação de que a esquerda havia evitado a formação de um governo de direita no país, a líder da coalizão Sumar, a ex-comunista Yolanda Díaz, aliada de Sánchez na eleição, fez um discurso que emocionou correligionários e militantes de esquerda. Segundo ela, “muitas pessoas vão dormir em paz esta noite, mudamos o roteiro falando sobre os problemas de nossa cidadania e não vamos nos distrair”.

De acordo com a líder, o diálogo será mantido com todas as “forças progressistas e democráticas” do país para garantir um governo progressista.”A esperança venceu o medo”, disse. “Hoje a Espanha e a Europa respiram melhor”, acrescentou.

“Dissemos que nesta campanha não havia roteiro escrito. Dissemos que nesta temporada havia ventos de reviravolta. Assim foi”, disse ainda Yolanda.

Nenhuma maioria

O PP conseguiu 33% dos votos e terá 136 cadeiras. Mesmo com sua aliança com a extrema direita do Vox, que elegeu apenas 33 deputados, o número chega a 169, faltando sete para formar maioria. O Vox perdeu 19 cadeiras e se enfraqueceu.

Já o socialista PSOE, que estava abalado pela derrota nas eleições regionais de maio, saiu “de cabeça erguida” do pleito de ontem, com 32% das cadeiras. O partido do governo fez 122 assentos, mas com sua aliança com a coalizão Sumar, de esquerda, que obteve 31, chega a 153 deputados.

As negociações para formar maioria serão intensas nas próximas semanas. Se nenhum dos lados conseguir 176 cadeiras ou mais, atraindo partidos menores, e um governo de coalizão não se formar, serão convocadas novas eleições.

Se o Vox vencesse, aliado à “direita tradicional” do PP, seria o retorno da extrema direita ao poder na Espanha pela primeira vez desde a ditadura de Francisco Franco (1939-1975).

“Temos que seguir conquistando direitos”