Análise das eleições

Para professor, segundo turno deve permitir que eleitor possa comparar projetos

Paulo Silvino alerta para superação de superficialidade do debate político e para importância do embate de ideias entre Haddad e Bolsonaro em respeito aos eleitores

Arquivo EBC

Professor aponta ainda que mudanças são válidas, mas desde que os direitos e a democracia sejam assegurados

São Paulo – O mote da rejeição e do ódio que conduziu os oponentes Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) na disputa à Presidência da República deram lugar a dois principais desafios para o desfecho das eleições 2018 em segundo turno. Na análise do doutor em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política Paulo Silvino, o debate dos projetos para atender às demandas reivindicadas pela população precisa ser posto em cena.

Em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Silvino destacou que o resultado das urnas revela a importância da participação dos candidatos nos debates que devem, até o dia 28 de outubro, quando será realizado o segundo turno das eleições, em respeito aos eleitores, apresentar suas propostas. Para o Silvino, essa será a oportunidade de superar o tom superficial que as discussões vinham tendo até então. 

O professor define como superficial, por exemplo, o argumento de algumas pessoas de que votaram “contra o PT”. “As pessoas precisam entender que elas não podem votar apenas contra o PT, tem que ser a favor de um projeto”, afirma sobre a necessidade de fundamentação da escolha. Silvino chama a atenção para o fato de Bolsonaro escolher ficar de fora dos últimos debates, mesmo após ter saído do hospital, sem dar chances ao eleitor que não participa das batalhas de WhatsApp para avaliação de suas propostas.

“Lamentavelmente a gente já não tem mais a disputa entre um projeto progressista e um neoliberal, a gente tem um projeto progressista versus o fim da democracia, aí não dá”, ressalta.

Apesar de se opor a postura de Bolsonaro, o professor fez críticas a Haddad que, para ele, precisa ser mais autônomo para garantir a união do campo democrático e para dialogar com a parcela de eleitores de Bolsonaro, que não é, segundo sua visão, feita apenas por adeptos do fascismo, mas também respondem a uma parcela da população descrente das instituições republicanas.

“Se as pessoas querem mudanças, elas precisam defender ideias novas, ideias que de fato contribuam para que a gente volte a crescer e a ter a sensação de que os direitos que conseguimos nesses 30 anos, com a nossa recente democracia, sejam assegurados”, avalia Silvino.

Confira a edição completa do Jornal Brasil Atual.

A entrevista de Paulo Silvino está no ponto 13:30: