Eleição presidencial

Rudá Ricci: ‘É muito impressionante que Aécio tenha chegado a 35%’

Sociólogo destaca que nenhum instituto de pesquisa captou crescimento expressivo do tucano nas regiões Sul e Sudeste, e credita resultado à exposição de denúncias de corrupção contra o PT

Marcos Fernandes/ Coligação Muda Brasil

São Paulo – O mestre e doutor em Ciências Sociais Rudá Ricci, diretor do Fórum Brasil Orçamento, classificou o resultado alcançado pelo tucano Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno das eleições presidenciais como “um banho” nas previsões das pesquisas, que o colocavam na casa dos 20% da preferência do eleitorado. O candidato chegou a apresentar 35% ao longo da apuração do TSE. “É muito impressionante que o Aécio tenha chegado a tanto. Os tucanos estão dando um banho de votos nas regiões Sul e Sudeste. Nenhum instituto de pesquisa capturou essa mudança de opinião do eleitorado”, afirmou. Para ele, a ascensão do tucano pode ser considerada “o maior fenômeno nesta eleição desde a entrada de Marina Silva na disputa, quando ela apareceu até à frente nas pesquisas”.

Marina Silva tornou-se candidata em agosto, após a morte do ex-governador de Pernambuco e até então candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, levá-la da condição de candidata a vice-presidente à cabeça de chapa. No primeiro mês após a morte de Campos, ela chegou a empatar tecnicamente com a presidenta Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, nas pesquisas de opinião, e a marcar vantagem na disputa de segundo turno. O saldo da campanha atípica, que prometia uma disputa entre PT e outro partido pela primeira vez desde 2002, não é dos melhores, para Ricci.

“No fim das contas, quem captou o espírito de junho, quem trouxe as pautas mais progressistas, foram os candidatos menores, especialmente Luciana Genro (Psol) e Eduardo Jorge (PV). E polarizaram, também, com candidatos menores. As candidaturas de maior expressão acabaram tratando muito de questões como corrupção e o passado de seus próprios representantes. Com um segundo turno entre PT e PSDB novamente, podemos esperar que o discurso não mude muito em relação às eleições anteriores e o que vimos ao longo desta campanha”, pondera.

Para Ricci, o fator determinante para a ascensão tucana e a reencenação do enfrentamento direto com o PT no segundo turno das eleições presidenciais foram as recentes denúncias de corrupção no governo federal, em especial na Petrobras. “Esse deve seguir sendo o mote forte da campanha dele”, afirma.