Argentina e Brasil

Haddad e Sergio Massa: mais que moeda comum, fortalecer PIB da região

Ministros Massa (Economia da Argentina) e Haddad (Fazenda do Brasil) tratam de comércio bilateral, energia e financiamento. Empresários falam e melhorar setor produtivo com inclusão social

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Chefes da área econômica de Brasil e Argentina se encontraram em janeiro

São Paulo – Além dos encontros entre os presidentes Alberto Fernández e Lula, os governos da Argentina e do Brasil apresentaram seus ministros Sergio Massa, da Economia, e Fernando Haddad, da Fazenda. Se Lula falou da reconstrução de pontes na área das relações comerciais, da cultura, da amizade e até do futebol, Massa e Haddad acentuaram o objetivo de restabelecer o intercâmbio econômico. Não apenas entre os dois países, mas no continente. E muito além da ideia de criação de uma moeda comum para guiar o comércio exterior.

“Temos o desafio de nos reencontrarmos e seguirmos uma trajetória de recuperação do comércio bilateral que já foi muito forte em relação ao tamanho do PIB de Argentina e Brasil. Há 10 anos perdemos quase 40% do comércio bilateral, o que nos impõe desafios, e também compromissos trabalhistas”, explicou Massa em entrevista coletiva ao lado de Haddad transmitida no final da tarde desta segunda-feira (23).

A lista de questões e intensões dos comandantes das maiores economias da América do Sul inclui investimentos em energia, exportação de gás através do gasoduto Néstor Kirchner e financiamento à exportação com ajuda dos bancos públicos. O ministro Sergio Massa enfatizou os planos para construir uma moeda comum “que não seja única”. Mas que abra caminho para que ajudar no aprofundamento do sistema comercial entre Argentina e Brasil na região e no Mercosul.

Massa explicou ainda que a moeda comum “não significa renunciar à moedas de cada um dos países – o peso e real –, mas encontrar um denominador comum comercial que reflita o poder do PIB região”.

Bancos públicos

Por sua vez, Fernando Haddad disse que “a Argentina tem um problema de escassez de divisas e que está tendo problemas para fornecer produtos brasileiros, por isso desenhamos um sistema de garantias que permite estender o prazo de conversão de pesos para reais”. O ministro brasileiro sustentou que “o Banco do Brasil não vai assumir risco de crédito”, mas que o que está sendo negociado é um sistema de garantias. O Brasil não tem problemas cambiais. “A carta de crédito é paga pelo fundo garantidor.”

A parceria prevê a elaboração de um acordo entre o Banco do Brasil e o Banco Nación com um plano de garantia. “O valor será anunciado pelo Ministro da Fazenda brasileiro e isso nos permitirá agilizar o processo de fornecimento e exportação de empresas do Brasil para a Argentina e fornecimento de empresas argentinas com empresas brasileiras”, argumentou o ministro da Economia. Mais cedo, o presidente Lula citou também a importância do BNDES.

No início de fevereiro, autoridades econômicas argentinas viajarão ao Brasil para definir o mecanismo de funcionamento do regime de garantia. E também para abrir o mercado de gás ao Brasil. “Na segunda semana de fevereiro os dois bancos centrais se reunirão para definir a extensão do acordo cambial’, informou Massa.

Relação empresarial e social

Representantes da União Industrial Argentina (UIA) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) do Brasil apresentaram às autoridades dos dois países uma declaração sobre os eixos de uma agenda produtiva bilateral e da relação público-privada bilateral. O documento prevê um compromisso conjunto de trabalho para uma maior integração comercial e energética.

“A ideia é ter um plano de ação imediato e comum para os objetivos que o setor produtivo pode alcançar. Tanto para o desenvolvimento quanto para a inclusão social de nossos países”, disse o presidente da UIA, Daniel Funes de Rioja. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou compartilhar as expectativas. “ A Argentina é um parceiro fundamental e temos certeza de que no Mercosul teremos maior capacidade de crescer, desenvolver e discutir acordos internacionais”, disse.

Informações do jornal Página|12