Fazenda envia novo projeto sobre desoneração para reduzir perdas e preservar meta fiscal
Segundo o ministro Fernando Haddad, atual sistema pode comprometer o alcance da meta fiscal prevista na LDO. Receita estima impacto em R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões por ano
Publicado 29/02/2024 - 18h21
São Paulo – Depois da derrubada de um veto presidencial e da revogação de uma medida provisória sobre o tema, o Ministério da Fazenda apresentou nova proposta de desoneração da folha de pagamento, agora sob a forma de projeto de lei. O PL 493/24, apresentado por Fernando Haddad, limita a desoneração de 17 setores da economia. E vai tramitar em regime de urgência constitucional. Por enquanto, aguarda despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
“A relevância da medida está demonstrada pelo seu impacto fiscal, que pode comprometer o alcance da meta fiscal estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024”, afirma Haddad na apresentação do texto. “A urgência da medida está relacionada à necessária recomposição da base tributável a partir de 2024.”
Impacto sobre o emprego
Assim, segundo o governo, em relação à desoneração parcial da contribuição previdenciária sobre a folha, “a relevância e a urgência da medida decorrem da necessidade de dar tratamento tributário adequado a determinados setores cujo crescimento e formalização das relações de trabalho se pretendia estimular por meio da desoneração da folha”. A crítica, aqui, é sobre um esperado impacto sobre o emprego nos setores econômicos envolvidos, que não aconteceu.
A desoneração existe desde 2012, foi ampliada e acabaria no ano passado. Mas foi prorrogada pelo Congresso e vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O parlamento derrubou o veto e restabeleceu o programa, por meio da Lei 14.784/23. Em seguida, o governo apresentou a Medida Provisória (MP) 1.202, que não foi bem recebida. Executivo e Legislativo buscaram um acordo, até que o governo revogou a reoneração – a MP 1.208 mantêm a desoneração dos 17 setores. Dessa forma, o PL 493 foi encaminhado, segundo Haddad, devido a “dificuldades inerentes à tramitação” da MP anterior (1.202).
Setores beneficiados pela desoneração:
- Confecção e vestuário
- Calçados
- Construção civil
- Call center
- Comunicação
- Construção e obras de infraestrutura
- Couro
- Fabricação de veículos e carroçarias
- Máquinas e equipamentos
- Proteína animal
- Têxtil
- Tecnologia da informação (TI)
- Tecnologia da informação e comunicação (TIC)
- Projeto de circuitos integrados
- Transporte metroferroviário de passageiros
- Transporte rodoviário coletivo
- Transporte rodoviário de cargas
Alíquotas subiriam até 2027
Pela proposta do governo, que altera algumas regras da desoneração, as alíquotas menores para os 17 setores deverão valer até o limite de um salário mínimo por trabalhador (R$ 1.412 hoje). E subir gradualmente até 2027. Dessa forma, a contribuição previdenciária de um grupo de setores sobre a folha passará de 10%, neste ano, para 17,5% em 2027. Para outro, de 15% para 18,75% em 2027. Depois, todos pagarão 20%. Hoje, as empresas podem recolher alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. As demais recolhem 20%.
Na justificativa, a Fazenda apresentou números sobre impacto do atual sistema de desoneração. Estudos realizados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil estimam “custo arrecadatório” de R$ 12 bilhões neste ano e no próximo. E de R$ 13 bilhões em 2026 e 2027.