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Lucro da Caixa cresce 20% e soma R$ 11,7 bi em 2023

Apesar dos bons resultados, quadro de pessoal não se alterou

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em 2023, a Carteira de Crédito Ampliada do banco teve alta de 10,6% em relação a 2022, totalizando R$ 1,1 trilhão. As operações de crédito imobiliário chegaram a R$ 733,3 bilhões, aumento de 14,6%

São Paulo – A Caixa Econômica Federal obteve lucro líquido de R$ 11,733 bilhões em 2023, alta de 20% na comparação com 2022, segundo relatório divulgado ontem (27) à noite pelo banco. A margem financeira chegou aos R$ 60,8 bilhões, alta de 19,5% em 12 meses, influenciado, principalmente, pelo aumento de 20,8% nas receitas com operações de crédito.

Também contribuíram positivamente para o resultado alguns eventos não recorrentes, que geraram a recuperação de valores pela Caixa, o que explica a diferença do resultado do lucro líquido recorrente (aquele que considera apenas as operações típicas do banco), que foi de R$ 10,626 bilhões. Nesse caso, a alta sobre 2022 foi de 15,5%.

Mesmo com o aumento de 19,7% nas despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) e de 7,6% nas despesas administrativas, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco (ROE) ficou em 9,35%, 1 ponto percentual (p.p.) maior em 12 meses.

“A partir desta análise do Dieese, vemos que, com o trabalho monumental das empregadas e empregados, que estão a cada dia mais sobrecarregados, a Caixa viu seus resultados melhorarem. E isso precisa ser reconhecido e valorizado pela direção do banco”, afirmou o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) Rafael de Castro.

O aumento da sobrecarga a que se refere o dirigente é constatado com a análise dos dados das demonstrações financeiras e contábeis da Caixa sobre o incremento de 1,9 milhão de clientes em sua carteira, sem que houvesse aumento de pessoal para atender este crescimento. No período, houve aumento de apenas três empregados no quadro de pessoal, que passou de 86.959 no final de 2022 para 86.962 no final do ano passado.

“A Caixa até contratou novos empregados, mas também houve desligamentos. O que deixou o quadro de pessoal estagnado, aumentando a sobrecarga de trabalho, gerado pelo aumento de clientes”, observou a diretora executiva da Contraf-CUT Eliana Brasil. “E é esta mesma preocupação que temos quando a Caixa anuncia a realização de um concurso público para contratar apenas 4 mil novos empregados, ao mesmo tempo que promoverá um PDV (programa de demissão voluntária)”, acrescentou a dirigente. “Para suprir a falta de pessoal, 4 mil novos contratados já seriam poucos. Com o PDV, se tornará irrisório. E isso pode ser visto com esta análise do balanço”, completou.

Crédito para quem precisa

Em 2023, a carteira de crédito ampliada do banco teve alta de 10,6%, em relação a 2022, totalizando R$ 1,1 trilhão. As operações de crédito imobiliário chegaram a R$ 733,3 bilhões, aumento de 14,6% ao longo do ano, o que levou a Caixa a 67,3% de participação neste segmento de mercado. As operações de saneamento e infraestrutura tiveram expansão de 1,2% em doze meses, totalizando R$ 98,4 bilhões. Já o crédito para o agronegócio cresceu 27,3% e encerrou o ano com saldo de R$ 56,2 bilhões.

A ex-coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Fabiana Uehara Proscholdt também destaca o papel fundamental que a Caixa realiza com a oferta de crédito para a população. “A Caixa concede crédito para quem precisa e, como banco público, contribui para o desenvolvimento do país e para a melhora da vida da população brasileira”, disse Fabiana. “É nosso papel, como empregado da Caixa, como dirigente sindical e como cidadão brasileiro, defender a Caixa pública, com seu perfil social de auxílio à população brasileira, que desempenha seu papel de maneira eficiente e eficaz, com a obtenção de lucro, mas sem fazer com que isso seja o objetivo principal. O que deve ser prioridade são os brasileiros, a garantia das condições de trabalho para os empregados e o crescimento do nosso país.”

PLR maior

Com a divulgação do balanço com um resultado 20% maior do que o do ano passado, a expectativa dos empregados é a de que a segunda parcela da participação nos lucros ou resultados (PLR) seja maior do que a paga em setembro. Ainda mais que a gestão anterior do banco aplicou um redutor para diminuir os valores que foram pagos aos empregados na primeira parcela.

“Os valores de PLR que receberemos podem ser maiores, já que agora será pago o valor total devido, calculado de acordo com o ACT (acordo coletivo de trabalho) e descontando o valor da antecipação paga em setembro de 2023”, disse o diretor-presidente da Associação do Pessoal da Caixa do Estado de São Paulo (Apcef/SP), Leonardo Quadros. “Como o cálculo da parcela da regra básica de setembro considerou apenas 26% da remuneração-base e não 45%, esta diferença deve ser paga agora. De acordo com o lucro, também pode ser paga a parcela complementar, que garante o pagamento de até uma remuneração-base por empregado.”

A Caixa ainda não anunciou a data de pagamento da PLR. Pelo acordo, o banco tem até 31 de março para pagar. Em virtude do feriado prolongado da Páscoa, o último dia útil de março é 28, quinta-feira.

Mas, em negociação com o banco, ocorrida no dia 6, a então coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, solicitou a antecipação do pagamento. Posteriormente a Contraf-CUT formalizou, por meio de ofício enviado à Caixa, o pedido de antecipação do pagamento.

“Os resultados obtidos pelo banco são frutos da dedicação, do empenho e eficiência das empregadas e empregados que, apesar da sobrecarga e condições adversas, atendem diariamente milhões de brasileiros. Como o balanço de 2023 já está consolidado, avaliamos que o banco tem condições de antecipar o pagamento em reconhecimento de todo esse esforço”, ressaltou o coordenador da CEE/Caixa, Clotário Cardoso.

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Com informações da Contra-CUT