Ação e reação

Operadores do metrô reagem à retaliação da companhia à greve e resistem à prática antissindical

Em pleno feriado, Metrô dá advertência a trabalhadores que se recusaram a assumir aulas

Foto: RBA
Foto: RBA
Portão da Estação São Joaquim, Linha 1, Azul, às 13 horas de hoje

Série de advertência a trabalhadores levou a movimento nesta quinta-feira; estações de 3 linhas ficaram fechadas momentaneamente

São Paulo – Protesto dos funcionários do metrô em São Paulo paralisou a operação de três linhas na manhã desta quinta-feira (12). Os trens deixaram de trafegar nas linhas 1 (Azul), 3 (Vermelha) e 15 (Prata) porque a direção da companhia emitiu uma série de advertências a trabalhadores e passou a exigir que assumissem outras funções que não as suas originais, como a participação em curso especial para ensinar outros funcionários a conduzir trens.

Nesta madrugada, cinco operadores de trem receberam advertências por escrito porque se negaram a desempenhar funções no sistema, de acordo com o próprio Metrô.

De acordo com o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, “o governador Tarcísio de Freitas e a direção do Metrô querem confusão em pleno feriado”.

“O Metrô, numa conduta antissindical, passou a aplicar punições de forma surpresa e intempestiva contra a categoria metroviária a partir dessa madrugada”, informou comunicado da representação dos metroviários. Foi observado ainda que o movimento “não se trata de uma greve, mas de uma paralisação organizada pelo Sindicato contra essa conduta arbitrária”.

A presidência do sindicato destacou também que as advertências integram movimento da companhia em retaliar os trabalhadores que participaram da greve no último dia 3 de outubro. Greve esta que sequer foi julgada pela Justiça do Trabalho.

As linhas operaram com velocidade reduzida e no fim da manhã os passageiros receberam orientação para utilizar o sistema alternativo de ônibus do sistema Paese. Os portões de estações foram fechados. Por volta das 13h os serviços começaram a ser restabelecidos e momentos depois estava tudo normalizado.

A decisão foi tomada depois que o próprio Metrô se comprometeu em negociar uma solução para as punições antissindicais e antidemocráticas, de acordo com comunicado do Sindicato.

Uma assembleia da categoria está agendada para a próxima segunda-feira, dia 16, para discutir o problema.

Por outro lado, a direção do Metrô vem pressionando os trabalhadores e informou a Imprensa que poderá acionar a Justiça devido a paralisação das linhas realizada sem aviso prévio nesta manhã.

As funções alegadas pela empresa para aplicar a advertência são a participação na formação e em aula prática a outros empregados do Metrô que estão sendo treinados para a função de operação de trem.

A companhia informou através de nota que a punição é uma advertência que serve para os trabalhadores repensarem suas condutas.

Na avaliação do Sindicatos dos Metroviários, as advertências foram injustas.

“Sempre prestamos um serviço de excelência, todos os dias. Mas os trabalhadores não podem ser vítimas de atitudes intempestivas, arbitrárias e autoritárias como esta realizada na madrugada desta quinta-feira”, informou a presidência do Sindicato.

“Vale ressaltar que a advertência não implica em suspensão ou demissão e que não há sequer impactos na remuneração. A advertência, por ora, cumpre apenas o seu papel de dar aos funcionários a oportunidade para que corrijam a conduta faltosa”, apontou uma nota da Companhia do Metrô.