Tempo de Resistência

Luan Araújo e Renato Freitas: as lutas dos negros contra o ‘laboratório do ódio’

O jornalista Luan Araújo e o deputado eleito pelo Paraná Renato Freitas falam sobre o racismo estrutural por trás de ações do laboratório do ódio, do qual faz parte Carla Zambelli

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Luan Araújo: como classificar a ação de uma parlamentar que empunha uma arma contra um cidadão num espaço público?

São Paulo – “Eu discuti com a Carla Zambelli como um cidadão. Eu estava junto com outros amigos, brancos, na ocasião e eles não foram perseguidos. Se u fosse um homem branco talvez o tratamento tivesse sido diferente. Isso faz parte do racismo estrutural deste país.” O relato é do jornalista Luan Araújo, vítima de perseguição e hostilidades no último dia 29 de outubro, véspera do segundo turno da eleição presidencial. Para sua surpresa, quem segurava uma arma e o ameaçava era uma deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP).

Luan só se dirigiu a uma delegacia para denunciar o fato depois do apoio de amigos e advogados. Pois estava muito assustado, como está até hoje. Mas sem sua denúncia, a parlamentar, integrante da tropa de choque bolsonarista, poderia nem sequer correr o risco de um processo capaz de levar a sua cassação e prisão. Carla Zambelli está fora do país, em destino desconhecido.

Porém a deputada nega que tenha fugido e afirmou que não comunicou a viagem porque está com todas as suas redes sociais bloqueadas. O bloqueio ocorreu por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após a parlamentar publicar mensagens de apoio aos caminhoneiros e demais bolsonaristas em manifestações golpistas.

Neste sábado, Luan Araújo falou ao programa Revista Brasil TVT, em tom ainda de assombro, sobre o episódio e seus desdobramentos. Confira:

Vidas negras importam

O vereador de Curitiba Renato Freitas (PT), que teve sua cassação revertida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também falou ao programa sobre o racismo estrutural do qual foi vítima. Ele relatou a reação firme contra a narrativa criminosa construída pelo laboratório do ódio, do qual faz parte desde a já citada Carla Zambelli ao governador reeleito Ratinho Jr. E descreveu o papel dessa reação altiva contra o mesmo racismo estrutural citado por Luan Araújo em sua eleição como deputado estadual pelo Paraná com 58 mil votos.

Advogado, ativista do movimento negro, periférico e da juventude, Renato Freitas enaltece a dignidade da causa e o tamanho de sua vitória. “A elite branca curitibana tentou me silenciar, e o Brasil todo me ouviu”, diz. Aquela tentativa de “nos silenciar” teve o efeito contrário, demonstrando que a indignação e a luta, diante de tantas mortes causadas junto ao povo negro, bem dando frutos. Pautando inclusive as igrejas católica e de outras religiões a pensar seu papel diante do genocídio do povo negro. Acompanhe a entrevista aqui.