Sistema de Transportes

Secretário admite dificuldade em lidar com cartel de empresários

Jilmar Tatto afirma que novo edital tentará driblar dificuldades com aumento do número de empresas credenciadas e mudança em modelo de remuneração

Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Mecanismos de controle estão entre medidas estudadas para enfraquecer o poder das empresas

São Paulo – O secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, pretende utilizar o novo edital de licitação dos transportes para romper com o controle estabelecido pelo que considera “um setor cartelizado”, como se referiu ontem (18) aos empresários do sistema de transporte paulistano. Para ele, a dificuldade em lidar com as empresas de transporte se dá no Brasil inteiro e não há alternativas na prestação deste serviço. “Quem conhece o transporte sabe disso. Em São Paulo, por ser o maior sistema, eles acabam sendo mais fortes”, avalia o secretário.

Segundo Tatto, a abertura do novo edital vai possibilitar a entrada de novos operadores no sistema, o que reduziria o controle dos atuais operadores. Além disso, a prefeitura pretende implementar um novo sistema de remuneração. Atualmente, o repasse é feito 100% pelo número de passageiros transportados. Este ano, só em subsídios os empresários receberão R$ 1,2 bilhão. O novo modelo propõe a divisão de 50% pelo número de usuários e 50% por custos operacionais. “Também vamos criar mecanismos de controle que independam de quem esteja operando o sistema”, afirma Tatto.

Será instalado um sistema de controle de partidas por GPS, para evitar que veículos sejam dispensados sem motivo ou fiquem muito tempo no ponto inicial. Segundo Tatto, não há fiscais suficientes para acompanhar todas os pontos de partida da cidade, o que seria uma abertura para as empresas deixarem de cumprir horários. Por fim, será instalado um sistema para estabelecer índice de satisfação do usuário com o serviço prestado, que também será utilizado na composição da remuneração dos operadores do sistema.

O secretário afirmou também que, diferente de há dez anos, quando era secretário de Transportes na gestão Marta Suplicy (2000-2004), o Bilhete Único hoje permite conhecer toda a estrutura do sistema, possibilitando melhor controle. “Sabemos quantos usuários entraram, quantos eram gratuidade, quantos são meia-passagem. Sabemos qual a remuneração dos operadores, o custo de pneus, de pessoal, de combustível”, afimou.

Sobre as especulações de que o crime organizado controlaria grande parte do sistema de transporte da capital, Tatto disse que cabe à Polícia Civil investigar se isso existe. “Eu não acredito. Falam em algumas empresas, em cooperativas. Eu quero crer que isso não aconteça. É até sugestivo que a polícia investigue.” Tatto descartou a possibilidade de que a depredação de 80 ônibus na zona sul ontem (18) tenha a ver com uma pressão contra a redução da tarifa. “Acredito que o quebra-quebra de ônibus tem a ver com uma parte pequena dos manifestantes que reivindica o passe livre”, concluiu.

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