Pedestres devem ter prioridade em toda a cidade

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) reduziu em 42% os atropelamentos de idoso em um trecho da Avenida Jabaquara por meio de um projeto-piloto iniciado em 2009. As ações […]

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) reduziu em 42% os atropelamentos de idoso em um trecho da Avenida Jabaquara por meio de um projeto-piloto iniciado em 2009. As ações adotadas, segundo matéria do jornal Estado de S. Paulo reproduzida no site do Luis Nassif, estão longe de revolucionárias: instalação de faixas de pedestres a cada 100 metros e não só nos cruzamentos, adequação das calçadas e das rampas de travessia, para torná-las mais seguras, e o aumento do tempo de duração do sinal verde nos semáforos para pedestres.

Mesmo que razoavelmente dentro do senso comum, as medidas são raras na lógica de total privilégio ao automóvel que impera na cidade – e nas mentes dos engenheiros da CET. Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de tráfego e de transportes e vice-presidente da Associação Brasileira de Pedestres, alerta que em São Paulo, o número de cruzamentos com semáforo para pedestre não chega a 20% do total – e mesmo nesses há problemas. O tempo de passagem para os pedestres é calculado considerando a velocidade média das pessoas, que fica em tono de 1,1 a 1,2 quilômetros por hora. No entanto, as variações são muito grandes, especialmente por conta do processo de envelhecimento da população pelo qual o país tem passado.

“Não consideram idade ou condição física. A população está envelhecendo e não aceitam. Em reuniões, quando cobrei da CET o acréscimo de 3 ou 4 segundos em um semáforo, eles não aceitam, dizem que ‘vai comprometer a fluidez veicular’”, lamenta. “Isso está introjetado na cabeça da maioria dos técnicos, engenheiros de tráfego e transporte. Isso é resultado da cultura do automóvel. Agora que sociedade está cansando disso e está cobrando postura diferente”, afirma.

Os resultados do projeto-piloto servirão de base para intervenções em outros locais “críticos”, segundo a CET. É um avanço, mas cabe lutar por mais. Toda a cidade deveria seguir tais padrões, colocando como prioridade as necessidades dos pedestres, especialmente idosos e pessoas com deficiência, e não os anseios dos motorizados.