Contra o Uruguai

Buffon pega três pênaltis e garante o terceiro lugar para a Itália

Goleiro italiano rouba a cena em partida equilibrada. Pelo lado uruguaio, Cavani marcou os dois e foi o destaque

Robert Ghement/EFE

Pênalti perdido por Forlán na abertura das cobranças foi prenúncio da vitória italiana

Itália e Uruguai fizeram uma boa preliminar para a esperada final entre Brasil e Espanha. Jogando no calor de Salvador, os italianos resistiram bravamente ao cansaço depois de duas prorrogações em quatro dias e levaram o terceiro lugar nos pênaltis, com três defesas do impressionante Buffon.

Azzurra e Celeste matizaram um futebol semelhante, priorizando a marcação forte e buscando a saída rápida para o contra-ataque. A diferença crucial está no meio de campo: enquanto a Itália, mesmo entre os reservas, tem jogadores de bom toque de bola, como Montolivo e De Rossi, a meia cancha uruguaia é composta de três volantes sem muita criatividade. Mesmo Cristian Rodríguez, em tese o armador central, limita-se a marcar e pouco se aproxima do bom trio de frente.

Com isso, mesmo bastante desfalcada, a Itália foi melhor no primeiro tempo que os compatriotas de Pepe Mujica. Comandou o ritmo da partida e criou mais chances de gol, principalmente pelo lado esquerdo do bom lateral De Sciglio. Seu problema é o inverso do uruguaio: o bom meio-campo municia um ataque limitado, com Gillardino e o jovem El Shaarawy, que não fez muita coisa. Assim, abriu o placar numa cobrança de falta de Diamanti, que bateu no travessão e voltou na nuca do goleiro Muslera, para depois oferecer-se fácil a Astori, que ganhou o crédito oficial.

O Uruguai ainda tentou pressionar, teve um gol corretamente anulado de Cavani e pediu um suposto pênalti de Chiellini, mas não convenceu o árbitro. Diante de tamanha limitação do meio-campo uruguaio, fica difícil de entender a escalação de Forlán pelo lado esquerdo do ataque, com Suarez e Cavani alternando as outras duas posições. Além de Forlán render melhor pelo meio, distribuindo o jogo e chutando de fora – posição em que foi eleito melhor da Copa 2010 –, os outros dois acabam ficando meio longe da área, o que prejudica seu jogo.

Mesmo assim, a qualidade dos três atacantes uruguaios equilibrou o jogo, especialmente no segundo tempo, quando a Celeste pressionou bastante. Adiantou a marcação e forçou a vários erros de passe dos italianos. Em um deles, saiu a primeira jogada em que um dos meio-campistas chegou perto da área e Gargano deu passe para Cavani empatar, aos 12 do segundo tempo.

Aos 22, nova roubada no meio-campo e a bola caiu para Forlán. Ele tentou de fora da área e Buffon rebateu. O atacante pegou a sobra e jogou no contrapé do italiano – que pegou de novo, completando a melhor intervenção de um goleiro que vejo em um bom tempo.

A pressão continuou até que, aos 28 minutos, Diamanti cobrou falta com perfeição e matou Muslera. 2 a 1 um pouco injusto pela agressividade uruguaia – se é que se pode falar em justiça no futebol. Mas durou pouco: 4 minutos depois, a Celeste empatou novamente, também de falta, e de novo com Cavani, melhor jogador da equipe sul-americana. O gol e algumas substituições deram gás à Itália, que conseguiu equilibrar a partida até seu final.

A prorrogação começou com a esperança de uma correria uruguaia, tentando explorar o previsível cansaço italiano ao enfrentar a segunda decisão em poucos dias no calor do nordeste brasileiro – e as duas com tempo extra. Não foi o que se viu: a Celeste também não mostrou fôlego e o jogo se rarefez. Num único momento de, digamos, emoção, Suárez entrou na área pela esquerda e, em lugar da finalização, preferiu esperar um pênalti que não veio – mas gerou bastante reclamação.

Aos 102 minutos na sádica contagem da Fifa, Montolivo cometeu falta em Cavani e foi expulso, aumentando a vantagem uruguaia. Aí sim a pressão se concretizou, com Cavani e Suárez perdendo chances e os italianos implorando pelo fim da partida. Sem mais gols, o jogo foi para os pênaltis.

Forlán abriu a série com um chute no meio, defendido por Buffon. Muslera pegou a batida de De Sciglio e deu esperança ao atacante do Inter, que esmoreceu com as cobranças desperdiçadas por Cáceres e Gargano. Terceiro lugar para a Itália.

Se a disputa por terceiro lugar é aquele jogo que normalmente a gente esquece, esse aqui não decepcionou quem atrasou o almoço pra assistir. Um jogo com a marca dessa Copa das Confederações: boa média de gols, rapidez no ataque e muitas finalizações. Agora é com o Brasil: espantar todos os fantasmas do Maracanã e derrubar o toque de bola da Espanha.

 

Ficha técnica

Uruguai

Muslera; Maxi Pereira (Álvaro Pereira), Lugano, Diego Godín e Martín Cáceres; Arévalo, Walter Gargano e Cristian Rodríguez (Álvaro González); Edinson Cavani, Diego Forlán e Luis Suarez.

Itália

Buffon; Maggio, Chiellini, Astori (Bonucci) e De Sciglio; De Rossi (Aquilani), Antonio Candreva, Montolivo e Diamanti (Giacherini); El Shaarawy e Gilardino