Mídia

Carta Maior lança novo portal, ampliado e reformulado

Jornalistas e intelectuais de diversos países defendem recriação do Observatório Global de Mídia

Reprodução

São Paulo – O portal Carta Maior inaugura hoje (10) nova fase, com visual renovado e conteúdo ampliado. Criada com inspiração no Fórum Social Mundial, a página anunciou ontem as mudanças, durante evento em São Paulo. O diretor do site, Joaquim Palhares, destacou os nomes dos escritores e jornalistas Bernardo Kucinski, Flávio Aguiar e Saul Leblon como fundamentais na formulação dos princípios editoriais do projeto.

“Lançamos a Carta Maior na primeira edição do Fórum Social Mundial em 2001, em Porto Alegre. A escolha da data não foi casual. Os princípios editoriais que norteiam nosso trabalho estão afinados com o movimento internacional que deu origem ao fórum. Nosso compromisso é contribuir para desenvolver um sistema de mídia democrático no Brasil, e de modo mais amplo trabalhar pela democratização do Estado brasileiro, pelo fortalecimento da integração sul-americana”, disse Palhares.

O conteúdo privilegia pautas da atualidade política, combinando análise e reportagem, com destaques também para assuntos da economia, movimentos sociais, direitos humanos e temática internacional, reunindo colaboradores do meio jornalístico e acadêmico em diversos países. A ampliação apresenta nova organização por editorias e introduz espaços de leitura que só poderão ser acessados por leitores que se cadastrarem.

O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, representou a presidenta Dilma Rousseff no evento. Ele próprio um dos colaboradores nos primeiros anos do site. Garcia valorizou a busca da produção de informação como componente essencial da formação da cidadania.

Outro colaborador, o sociólogo Emir Sader, que hospeda seu blog no site, destacou que o país ainda precisa democratizar o poder econômico, o poder político e seu sistema de comunicação.

“Fazemos guerrilha na internet. O povo não lê jornal, mas são jornais e revistas que fornecem o conteúdo para os meios de comunicação de massa”, observa. “Por isso, tão importante quanto construir uma assembleia constituinte para promover uma reforma do sistema político, como tem defendido o ex-presidente Lula, é fazer com que essa constituinte produza também uma reforma do sistema de comunicação e informação”, defendeu.

O repórter Rodrigo Vianna, profissional da TV Record e autor do blog Escrevinhador, destacou o distanciamento do governo brasileiro do tema da democratização da mídia.

“Nos outros países do continente, como Argentina. Equador, Venezuela, Uruguai, o Estado teve papel importante na condução de um processo de regulação que aprimorasse o funcionamento da estrutura de comunicação. No Brasil não aconteceu. Em contrapartida, a sociedade e os movimentos sociais levantaram essa discussão e a mantêm viva”, disse.

Observatório

Antes do evento de lançamento do novo site, uma reunião que contou com a presença de acadêmicos, jornalistas, estudantes e ativistas da comunicação debateu a proposta de “refundação” do Observatório Global de Mídia (Media Watch Global).

A organização foi criada durante a terceira edição do Fórum Social Mundial, em 2003, mas acabou desativada após alguns anos por falta recursos.A ideia é recriar o portal do observatório, que mantém sua inscrição na internet, que forneça conteúdo analítico e crítico em relação à produção de informação pelos veículos comerciais dos diversos países.

“No mundo todo temos uma produção jornalística ruim, que desinforma e despolitiza as pessoas. Temos condições de produzir e difundir a crítica”, diz Pallhares, salientando a representatividade da reunião, com participantes do México, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador, Chile, Estados Unidos e Índia.

O editor da versão espanhola do jornal Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet, que presidiu a primeira fase do observatório, foi novamente indicado para presidi-lo, caso a refundação de consolide.

Nas próximas semanas, o grupo produzirá carta de intenções, estatuto e discutirá meios de captação de recursos. “Nos últimos dez anos a qualidade da produção da informação piorou. E sabemos das dificuldades práticas, mas essa recriação do observatório é tarefa urgente de todos nós”, disse Ramonet.

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