Estratégico

Petroleiros cobram da Petrobras apresentação de projetos de transição energética

“Tem gente travando o processo”, afirma o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, referindo-se a gestores da estatal que fazem oposição ao governo Lula e não têm interesse no desenvolvimento da área

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São Paulo – O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, alerta para a demora da diretoria de transição energética da Petrobras em apresentar projetos para o setor, e espera que o Conselho de Administração (CA) da empresa – cujos nomes de integrantes estão em fase de avaliação interna da estatal – cobre da companhia resultados nesse sentido. Para ele, a morosidade tem explicação na estrutura organizacional da nova diretoria, que colocou em cargos de gerência executiva pessoas que travam o processo.

“Na diretoria de transição energética, justamente a diretoria criada pelo presidente Jean Paul Prates para cumprir programa prioritário do governo, tem gente atrapalhando esse processo”, afirma ele.

“Cobramos do diretor de transição energética, Maurício Tolmasquim, que a área apresente projetos. Não se trata de transição justa somente via a redução de emissão de carbono em atividades internas que a Petrobras já tem, como em produção de petróleo e gás, refino e outras. Queremos, sim, novos projetos de investimento em energias renováveis e com baixa pegada de carbono”, diz Deyvid Bacelar.

A FUP cobra também o afastamento de pessoas que estão na estrutura da Petrobras, “principalmente na diretoria de transição energética, que ocupam cargos executivos, e que não concordam com o programa do governo do presidente Lula. Que sentido faz essas pessoas continuarem na estrutura da diretoria? É óbvio que projetos ficam travados. Já vai completar um ano em abril e até agora a diretoria de transição energética não apresentou nada de relevante”, acrescenta o coordenador.

Ele observa que a questão não é falta de recursos. Ao contrário. A Petrobras ampliou recursos financeiros para a área; o que falta, porém, é apresentar projetos. O plano estratégico 2024/2028 destinou entre 9% e 15% do Capex (investimentos) da empresa para investimentos em transição energética, ante 0,5% determinados em planos dos últimos anos.

“Projetos robustos com tecnologia nacional já deveriam ter sido apresentados e submetidos à aprovação do CA, pois são projetos de longo prazo, para operação em quatro, cinco anos. A Petrobras deve ser a mola propulsora da transição energética no país, investindo em projetos próprios e alavancando novos investimentos. A neoindustrialização passa por projetos como esses”, afirma Deyvid, esperando que o CA da Petrobras reforce a cobrança dos petroleiros. 

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“Os combustíveis verdes, as refinarias verdes, estão à espera da definição desses projetos para novos investimentos. A Transpetro, por exemplo, já tem demanda de combustíveis verdes para seus navios; o mesmo em relação à Vale, que busca o novo insumo para sua logística ferroviária”, completa o dirigente da FUP.