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Braskem: a mesma empresa que afunda Maceió injetou dinheiro em políticos alagoanos

Responsável pela tragédia em Maceió, a Braskem tem histórico de altos investimentos em diferentes políticos em Alagoas. Entenda

Pei Fon/Secom Maceió
Pei Fon/Secom Maceió
Caso a Braskem continue descumprindo as ordens judiciais, o MPF solicita a aplicação de uma multa diária de R$ 50 mil ao presidente da empresa

São Paulo – A Braskem carrega a responsabilidade pelo colapso de boa parte da cidade de Maceió. A empresa tem mais de 30 minas de sal-gema abaixo da área urbana da capital alagoana. Ela começou essas operações durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Enquanto ignorava avisos dos riscos da mineração no local, a Braskem abastecia políticos da região com financiamentos de campanha. É o que aponta reportagem do veículo de notícias de Alagoas Agência Tatu.

A reportagem fez um trabalho minucioso para entender essas redes de financiamento da Braskem. Com base em dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Agência Tatu identificou que, apenas entre 2004 e 2014, a empresa gigante do setor de óleo e gás doou cerca de R$ 2,9 milhões a 41 políticos do estado. A lista contempla quatro ex-governadores, o atual vice-governador, Ronaldo Lessa (PDT), e o prefeito de Maceió, o bolsonarista João Henrique Caldas (PL).

Outros nomes que garantiram quantias expressivas incluem o ex-presidente e ex-senador Fernando Collos de Mello, o ministro dos transportes Renan Filho (MDB), filho de Renan Calheiros, o tucano Teotônio Vilela Filho, além de muitos deputados e senadores, como Rodrigo Cunha (Podemos) e Benedito Lira (PP), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).

Após a Reforma Eleitoral de 2015, não é mais legal a doação de empresas para campanhas políticas. Então, o atual ministro Renan Filho, respondeu à reportagem sobre os aportes. “Há dez anos, o financiamento empresarial era permitido a todos os partidos e empresas que quisessem doar. Vale pontuar que os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos ao governo do estado de Alagoas naquelas eleições receberam doação de campanha da empresa”, disse.

Situação em Maceió e a Braskem

Após a previsão de colapso de cinco bairros com tremores de terra e a abertura de um buraco de 300 metros de diâmetro, o ritmo desacelerou nos últimos dois dias. Contudo, o estrago é inevitável. A tragédia obrigou o deslocamento de mais de 55 mil pessoas. Então, o governo de Alagoas divulgou hoje (4) estudos que indicam valores a cobrar em indenização. Preliminarmente, serão R$ 18 milhões de multa ao Estado e R$ 17 milhões aos cidadãos afetados.

“As indenizações do estado compreendem: mobilidade, patrimônio (próprio e artístico, cultural), fiscal e ambiental. O que não está lá é a urgente necessidade de se resolver e minimizar o problema da mobilidade urbana e interurbana. Maceió piorou de vez o seu trânsito após várias vias importantes e uma linha ferroviária terem sido interditadas por conta do desastre. A solução para esse problema é a implantação de linha de VLT, conforme traçado proposto em estudo pela CBTU. O número de 60 mil pessoas engloba tão somente os moradores expulsos de suas casas”, disse à CNN o presidente do Instituto Alagoas, responsável pelo estudo de valores, Elias Fragoso.