Contrastes do Brasil
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Publicado 04/04/2013 - 12h29
Na primeira vez em que PT e PSDB se enfrentaram, em 1994, a
revista Exame saiu com capa (“Por que FHC é melhor”) e reportagem
de 13 páginas em defesa de seu candidato a poucos dias da
eleição. Exame é uma publicação para executivos, especializada
em negócios privados, embora sobreviva também de anúncios com verba
governamental. Seu público-alvo não precisa do Estado para comer, estudar,
sonhar, viver, mas de um Estado omisso para que o mercado governe sem
ser incomodado. Um Estado que, segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros,
guru de Alckmin, dê à Petrobras “o mesmo destino das teles”.
Como a eleição de 29 de outubro traz um novo embate entre os que querem
o Brasil para poucos e os que querem o Brasil para todos, é natural que a
mídia elitista volte à carga.
Temos o sonho de Martin Luther King, de um dia a nação se erguer e
experimentar o verdadeiro significado de sua crença. E de Darcy Ribeiro,
lutador da escolarização das crianças, da universidade libertária, da salvação
dos índios. Realizar essas batalhas é a sina que inquieta a alma dos que
querem transformar o Brasil.
Em 1694, senhores de engenho contrataram um paulista abrutalhado – o
bandeirante Domingos Jorge Velho – para acabar com a rebelião dos negros
no Nordeste. Jorge Velho fez o percurso de Taubaté ao Piauí escravizando
índios e, depois de cinco anos, aniquilou o Quilombo dos Palmares e matou
Zumbi. Desta vez, outro paulista é requisitado pelas elites para “recuperar
o controle da situação”.
Reconhecer que Lula é melhor é ver em sua liderança a única capaz de
mediar esse país de contrastes, para que tenha, sim, uma economia dinâmica
e lucrativa, mas impulsione a redução das desigualdades, origem de
todos os males, entre eles a violência explosiva. Nosso apoio não é incondicional:
queremos a plenitude da democracia, a reconstrução da ética na
política e na gestão do Estado, a integração latino-americana, crescimento
econômico com justiça social. De Lula se pode cobrar a fatura depois.
Já as faturas a quitar de seu adversário seriam outras.