Prefeitura de São Paulo reage a greve, diz que está negociando e critica sindicato
Administração propõe o mesmo percentual para reajuste no piso, pago como abono. Em greve parcial há dois dias, servidores reivindicam incorporação do índice aos salários
Publicado 24/04/2014 - 19h43
São Paulo – Um dia depois do início da greve dos professores, a prefeitura de São Paulo afirmou hoje (24), em nota, que iniciou conversações com “grande antecedência” e está promovendo medidas para valorizar os profissionais do setor. A administração municipal criticou um dos sindicatos da categoria, o Sinpeem, por se retirar “unilateralmente” da mesa de negociações, e garantiu que tomará “todas as medidas administrativas e legais” para o cumprimento dos 200 dias letivos previstos.
A prefeitura informou, na nota, que vai reajustar o salário dos profissionais da educação em 13,43%. De acordo com o Executivo paulistano, a medida representa um impacto de R$ 374 milhões na folha de pagamento para os 79.524 profissionais ativos e de R$ 229 milhões para os 28.513 inativos, e, somado ao índice concedido em 2013, representa um aumento de 25% na remuneração.
O Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Sinpeem) contesta e diz que a medida não faz parte das negociações pela campanha salarial deste ano, já que esse aumento nos salários foi aprovado pela Câmara Municipal em 2011 – sendo três reajustes de 10,19% e um de 13,43% ao longo de quatro anos.
Além desse índice, a prefeitura se propõe a aumentar a remuneração dos trabalhadores que recebem o piso, também com um abono de 13,43%. Professores, coordenadores, diretores, supervisores, agentes e auxiliares técnicos da educação, que participam da paralisação organizada pelo Sinpeem, querem que o percentual apresentado para reajuste no piso seja incorporado aos salários, e não pago em forma de abono.
Em reunião realizada ontem, o governo propôs que a incorporação do bônus seja discutida a partir de 2015, o que os trabalhadores rejeitaram. Eles querem que o início deste processo ocorra ainda este ano, e cobram que o governo apresente um prazo, com valores definidos para a incorporação e data final, para que isso ocorra.
“Inicialmente nossa reivindicação para aumento do piso era de 30,86%, o governo propôs 13,43% e nós aceitamos o percentual. Agora não dá para receber o pagamento em forma de abono e queremos que fique claro quando e como essa incorporação aos salários será feita”, disse o presidente do Sinpeem, Claudio Fonseca.
No ano passado, o mesmo sindicato se retirou da mesa de negociação e realizou uma greve que durou 22 dias. Em fevereiro de 2014, em entrevista à RBA, Haddad criticou a postura de Fonseca, filiado ao PPS e ex-vereador da base de Gilberto Kassab (PSD). Durante a administração anterior, Fonseca provocou tumulto durante uma assembleia ao decretar que não se realizasse greve, mesmo com manifestação dos presentes a favor da paralisação. No ano seguinte, mobilizou os professores, provocando irritação do prefeito: “Uma greve sem nenhuma base. Surgiu uma greve dos professores do nada, não estava sequer instalada a mesa de negociações do governo, nós não tínhamos nomeado ainda as pessoas para suas funções e tinha uma greve na minha porta em março”.
Pauta unificada
A greve dos profissionais da educação deve durar, pelo menos, até segunda-feira (28), quando os trabalhadores se unirão aos servidores de diferentes áreas para um protesto, às 14h30, em frente à prefeitura, no Viaduto do Chá, centro. Está prevista para amanhã (25), às 14h, uma reunião entre os representantes dos servidores e da prefeitura para discutir itens da pauta comuns a todos os servidores.
As reivindicações incluem garantia anual de aumento real (acima da inflação), valorização dos pisos, repúdio à política de transformação de salários em subsídios, fim das terceirizações e alteração da Lei nº 13.303, de 2002, que limita em 40% da receita líquida da prefeitura as despesas com pessoal (os sindicalistas querem 54%), entre outras.