Fidelidade

Voto impresso: muitos deputados não respeitaram orientação partidária e apoiaram projeto governista

MDB e PSDB estão entre as legendas com maior “infidelidade” na votação. lguns governistas também mudaram de posição

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Com o resultado de ontem, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse esperar que a questão esteja definitivamente encerrada

São Paulo – Apesar de derrotado no projeto do voto impresso, ontem (10) à noite, o governo teve apoio considerado acima do esperado. No resultado final, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135 teve 219 votos a favor – eram necessários 308. E 218 deputados se posicionaram contra a proposta. Muitos desrespeitaram orientação partidária de rejeição à PEC. Mas os governistas também tiveram seus problemas.

Partido da deputada bolsonarista Bia Kicis (DF), autora da proposta, o PSL, por exemplo, foi a legenda com os discursos mais veementes da noite, em defesa do projeto. Mas seis parlamentares (11% da bancada) desrespeitaram a orientação e votaram não à PEC, enquanto 45 acompanharam o indicativo. O Republicanos teve três votos contra, 9% da bancada, e 26 a favor. Já o Podemos, que também orientou a favor do projeto, teve dois contra (10%).

Partidos divididos

Entre os partidos que defenderam a rejeição, chamou a atenção o resultado entre os parlamentares do PSDB, que costuma se apresentar como “independente”. A liderança tucana orientou “não” à PEC 135, mas só 12 deputados seguiram a indicação, enquanto 14 defenderam a proposta. Cinco não votaram e um se absteve: o ex-senador e ex-candidato à Presidência da República Aécio Neves (MG). Aliás, a única abstenção da noite.

Comportamento parecido teve a bancada do MDB. Apesar da orientação pelo não, 15 votaram sim e apenas 10 respeitaram a determinação da liderança. Oito se ausentaram. No caso do PSD, apesar do indicativo contrário, 20 apoiaram o projeto.

Presidente reclama

Com bancada de 53 deputados, o PT votou integralmente pelo não. O mesmo ocorreu com o Psol, que tem nove parlamentares, e com o PCdoB, com oito.

O presidente da República disse nesta quarta-feira (10) que parte da Câmara votou “chantageada”, sem explicar a declaração, e por medo de retaliação. E voltou a se queixar do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que teria agido para derrubar a PEC do voto impresso. E insistiu, dizendo que as eleições do ano que vem terão “a mácula da desconfiança”.

Durante semana, o presidente atacou ministros e a Justiça Eleitoral. Ontem, veículos militares circularam pela Esplanada, em ato que foi interpretado como tentativa de intimidação ao Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que o assunto esteja encerrado. “Não teríamos nem tempo, nem espaço para retomar esta questão neste ano”, afirmou, segundo a Agência Câmara, logo depois da votação da PEC.