OBSTRUÇÃO

Senadores governistas impedem perguntas a Ricardo Barros, e CPI é suspensa no início

É a primeira vez que a sessão é interrompida logo na primeira pergunta do relator Renan Calheiros

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Renan reforçou que o presidente Jair Bolsonaro não desmentiu as declarações do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que apontou Barros como mentor por trás das supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin

São Paulo – O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu por alguns minutos a sessão desta quinta-feira (12), após senadores governistas impedirem o relator Renan Calheiros (MDB-AL) de fazer suas perguntas ao deputado federal e líder do governo na Câmara Ricardo Barros (PP-PR), depoente do dia. É a primeira vez que a sessão foi suspensa logo na primeira pergunta do relator. No começo dos questionamentos, Renan reforçou que o presidente Jair Bolsonaro não desmentiu as declarações do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que apontou Barros como possível mentor por trás das supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin.

O nome de Barros teria sido mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo apontou o deputado Luis Miranda, em depoimento à CPI no final de junho. Aos senadores, Miranda disse que o presidente tinha desconfiança em relação à atuação do deputado em torno das pressões no Ministério da Saúde em favor da vacina da empresa indiana Bharat Biotech.

Barros respondeu que Bolsonaro não afirmou que ele estava envolvido, nem o próprio Miranda. Porém, Calheiros pediu que o vídeo do depoimento de Luis Miranda, no qual cita o aliado do presidente durante sessão da CPI, fosse mostrado três vezes. Então, o bate-boca entre governistas começou.

Barros afirmou que “isso não é uma CPI” e Aziz respondeu: “não dê uma de tucunaré, que é peixe que morre pela boca”. O presidente da CPI acrescentou que, se fosse líder do governo como Ricardo Barros, exigiria que o presidente negasse publicamente a suposta citação.

“O deputado Luis Miranda disse que Bolsonaro se referia ao senhor, que deveria exigir que o presidente se retratasse. O senhor não precisaria prestar depoimento se o presidente desmentisse que citou seu nome”, disse Aziz, antes de suspender a sessão.

Contrato da Covaxin

A sessão da CPI da Covid de hoje também tentará elucidar a relação de Barros com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que teria intermediado a venda de vacinas da Covaxin para o Ministério da Saúde. Maximiano é sócio de outra empresa, a Global Gestão em Saúde, que intermediou contrato suspeito com o Ministério da Saúde, quando Barros chefiava a pasta. O líder do governo foi ministro entre 2016 e 2018, durante o governo Michel Temer.

Antes de começar a oitiva, os senadores aprovaram requerimento para tentar obter na Justiça a publicidade do contrato de compra da vacina Covaxin. O contrato, intermediado pela brasileira Precisa Medicamentos, acabou cancelado após o surgimento de inúmeros indícios de irregularidades.

A CPI já havia aprovado requerimento para ter acesso ao contrato, porém o Ministério da Saúde teria informado que o documento era sigiloso e colocou o contrato em segredo. O requerimento aprovado nesta quinta-feira, prevê autorização para ingressar na Justiça com um mandado de segurança para obter acesso ao documento.