nas ruas

Manifestações contra a corrupção e por saída de Dilma marcam domingo pelo país

Brasília encerrou seu ato às 13h. Marcha prossegue no Rio. Maior protesto é do dia é esperado à tarde, em São Paulo

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Manifestantes contra o governo Dilma caminham pela Orla de Copacabana, no Rio

São Paulo – Cerca de 500 cidades brasileiras terão hoje (13)passeatas e atos públicos convocados por movimentos contrários ao governo Dilma, sob lemas como o combate à corrupção, o apoio à operação Lava Jato e ao seu comandante, o juiz Sergio Moro e o impeachment da presidenta. Até às 15h, não haviam sido registrados episódios de violência.

No Rio de Janeiro, a concentração da manifestação de apoio à Operação Lava Jato, à Polícia Federal e ao juiz Sergio Moro começou às 9h, com a chegada dos manifestantes à Orla de Copacabana, na zona sul da cidade. Ainda não há estimativas do número de participantes.

A marcha percorreu a Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, conduzidos por três carros de som. Um deles trazia uma faixa com a frase “Fora Comunismo”. Uma multidão ocupou as duas vias da avenida, ao longo de cerca de oito quarteirões. Bandeiras do Brasil e muitos cartazes contra o PT, Dilma e Lula são o principal material utilizado pelos participantes. Mais cedo, um avião passou com a faixa “Não vai ter golpe – Frente Brasil Popular” e foi vaiado pelos manifestantes, com gritos de “Fora Dilma” e “Impeachment, Já”.

Marca registrada do movimento Movimento Vem Pra Rua, as camisas amarelas e verdes são maioria na altura do posto 5 da Avenida Atlântica. Três carros de som foram instalados na avenida. Um deles traz uma faixa com a frase “Fora Comunismo” e seu porta-voz do movimento dizia, pelo microfone, para “as famílias de bem, de direita, contra o PT” participarem do ato.

A dona de casa Elvira Moraes, 63 anos, desaprovou o discurso. “Não sou de direita e não me sinto representada por este senhor. E ainda fica xingando a presidenta. Acho feio. O ato é pela democracia e honestidade e é por isso que estou aqui”, opinou Elvira.

Vindo de Nova Iguaçu, o administrador José Maria Sousa, de 52 anos, disse que saiu de casa cedo. “Programamos com antecedência, há mais de um mês. Estar aqui é importante, porque acredito que nossa indignação pode pressionar o governo e as autoridades a acabarem com essa sujeira que tem assolado a política deste país.”

O movimento organizou passeatas em outras cidades do estado, como Angra dos reis, Búzios e Cabo Frio, na região dos Lagos, Niterói, na região metropolitana, Nova Friburgo e Petrópolis, na região Serrana.

Brasília

A Polícia Militar afirmou que 100 mil pessoas participaram da manifestação na Esplanada dos Ministérios, na capita federal. Segundo a Agência Brasil, a primeira estimativa, era de que foram 20 mil participantes, contrariando as expectativas da própria PM, de que o protesto levaria 110 mil pessoas a participar. Não houve ocorrência de atos violentos, segundo a PM, apenas registro de extravio de documentos e atendimento de pessoas com mal-estar. O evento na capital federal foi encerrado às 13h, com os presentes cantando o hino nacional.

Em meio aos manifestantes estava o senador Álvaro Dias (PV-PR), que não falou publicamente, mas conversou individualmente com algumas pessoas e posou para fotos. Dias migrou do PSDB para o PV no início de janeiro.

De acordo com Breno Saradelo, coordenador regional do Movimento Brasil Livre, a manifestação é um apelo “contra a corrupção institucionalizada, independentemente do governo e do partido”.

Para o servidor público, da Justiça Federal, Fábio Freitas, de 51 anos, a corrupção começou no país em 1500, desde o descobrimento do Brasil. “Sou um dos milhares de brasileiros indignados com a corrupção”, disse. Ele, entretanto, afirmou que a corrupção não é privilégio de apenas um partido. “O Brasil precisa se reinventar. O que se está pedindo não é solução. O necessário seria convocar uma nova Constituinte”.

As pessoas começaram a se concentrar perto do Museu da República ainda às 9h.. A maioria das pessoas se vestiu de camiseta verde e amarela. Um boneco vestido de presidiário, chamado pelo movimento de Pixuleco, está amarrado no chão. Em vários momentos, os manifestantes faziam uma ola em defesa da “limpeza”, pedindo a saída de políticos corruptos. Nominalmente, eles citaram o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Dilma.

Desempregada desde outubro, Roberta Born, de 34 anos, que afirmou ter particpado de vários movimentos que já acamparam no gramado do Congresso, disse acreditar que o Brasil está sofrendo com o governo atual. Para ela, o governo é uma “facção criminosa”. Vinda de Porto Alegre, Roberta se considera de direita e afirmou que só volta para sua cidade quando a presidenta Dilma sair da Presidência.

Outras capitais

No Recife, a manifestação ocorre na orla da Praia de Boa Viagem.  Em Salvador, cerca de 20 mil pessoas compareceram ao ato contrário ao governo no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos da capital baiana. Do local, os manifestantes seguiram para o Mirante Cristo da Barra, outro ponto turístico, onde os participantes posaram para uma fotografia, rezaram um Pai Nosso e aplaudiram, ao meio-dia, o juiz Sérgio Moro.

Na capital mineira, dois atos contra o governo Dilma foram programados. De manhã, os manifestantes reuniram-se na Praça da Liberdade e, à tarde, haverá outro, na Praça da Estação.

Em Manaus, a manifestação contra o governo e contra a corrupção está marcada para as 16h, na orla da praia da Ponta Negra.

No total, as manifestações devem ocorrer em 503 cidades do país, segundo o movimento Vem pra Rua.

Em algumas cidades, porém, a Central Única dos Trabalhadores e movimentos mantiveram a realização de manifestações pró-governo e pró-Lula, tais como Fortaleza, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A CUT convocou suas seccionais para uma manifestação a favor da democracia para a próxima sexta-feira, dia 18. No DF, o PT convocou nova manifestação para o dia 31 de março.

Com reportagens da Agência Brasil