Acusado por morte de missionária Dorothy tem novo julgamento

Brasília – Está marcado para esta segunda-feira (12), no Tribunal do Júri de Belém, o novo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante […]

Brasília – Está marcado para esta segunda-feira (12), no Tribunal do Júri de Belém, o novo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante da morte da missionária americana Dorothy Stang. O julgamento deveria ter ocorrido em 31 de março, mas foi adiado devido à ausência dos advogados de defesa.

Este é o terceiro julgamento de Bida. No primeiro, ele foi condenado a 30 anos de prisão, mas obteve direito a um novo júri. No segundo, ele foi absolvido, mas a sentença foi anulada.

O crime ocorreu em 12 de fevereiro de 2005 em Anapu (PA). Até agora, foram condenados Rayfran das Neves, que cumpre pena de 28 anos de prisão, Clodoaldo Batista, condenado a 17 anos, e Amair Feijoli, a 18 anos.

Cacique

Já nesta terça-feira, em São Paulo, está marcado o julgamento dos três acusados de matar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, líder indígena reconhecido no Brasil e no exterior.

O crime ocorreu em janeiro de 2003, no município de Juti, em Mato Grosso do Sul. A acusação será auxiliada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e o júri, acompanhado por organizações internacionais.

Na avaliação do antropólogo Rubem Thomaz, a realização do júri tem grande valor simbólico no enfrentamento da violência contra os indígenas de Mato Grosso do Sul. Ele ressalta que a impunidade em crimes contra os índios é frequente e que muitos inquéritos não chegam sequer a apontar suspeitos.

“Simbolicamente é de muita relevância julgar o assassinato de um índio, o que não é corriqueiro ocorrer em Mato Grosso do Sul”, afirmou o antropólogo em entrevista à Agência Brasil. Apesar da importância representativa do caso, Thomaz acredita que fazer justiça no assassinato de Veron é uma “gota no oceano”, devido à dimensão dos problemas que atingem os guarani em Mato Grosso do Sul.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o estado concentra a maior parte dos homicídios contra índios. A situação de extrema violência, em especial contra a etnia Guarani-Kaiowá, também foi denunciada em relatório do Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no mês passado.

O julgamento ocorre em São Paulo pelo fato de a Justiça Federal ter aceitado o argumento do Ministério Público Federal (MPF) de que um júri formado em Mato Grosso do Sul não teria a isenção necessária para julgar o crime.