Guerra

Em derrota geopolítica dos EUA, Liga Árabe readmite a Síria 12 anos depois de exclusão

Durante os anos de guerra civil patrocinada pelo Ocidente, vários grupos “rebeldes” se insurgiram contra Bashar al-Assad, mas “Damasco esmagou a maioria deles”

Reprodução/YouTube
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A decisão árabe representa grande vitória geopolítica do presidente sírio, Bashar al-Assad

São Paulo – Os chanceleres dos países da Liga Árabe admitiram a volta da Síria ao grupo, 12 anos depois de Damasco ser excluída, em consequência do início de uma guerra civil provocada pelo Ocidente na tentativa de desestabilizar o país e derrubar o presidente Bashar al-Assad. Estima-se que o conflito matou 500 mil pessoas.

A decisão árabe representa grande vitória geopolítica do chefe do governo sírio e vem logo após a retomada do diálogo entre a Arábia Saudita e o Irã, no mês passado. Ambos os países reataram relações em processo mediado pela China, o que contribuiu para a reaproximação da Síria ao grupo.

Multipolaridade

Síria e Arábia Saudita já haviam concordado em reabrir as embaixadas no final de março. Em contraposição à vitória de Assad, que precisa de recursos para reconstruir o país devastado pela guerra iniciada em 2011, a readmissão da Síria é considerada importante derrota dos Estados Unidos na geopolítica internacional e no Oriente Médio, em um mundo que aponta para a multipolaridade.

O governo de Barack Obama patrocinou fortemente os grupos de oposição a Assad, sem sucesso. Em 2018, o sucessor de Obama, Donald Trump, liderou um ataque a Damasco com mais de 100 mísseis, ao lado de forças francesas e britânicas. O pretexto seria um suposto centro de armas químicas, a mesma desculpa usada para atacar o Iraque em 2003, o que se provou posteriormente ser uma mentira. As armas químicas de Saddam Hussein não existiam.

Durante os anos de guerra civil, vários grupos “rebeldes”, de acordo com nomenclatura do Ocidente, apoiados por diferentes “atores estrangeiros”, se insurgiram contra o governo de Bashar al-Assad. Até mesmo terroristas reconhecidos internacionalmente, como o Estado Islâmico.

Damasco “esmagou” rebeldes

Mas “Damasco conseguiu esmagar a maioria deles, recuperando o controle sobre as regiões mais densamente povoadas do país com a ajuda dos principais aliados do país, Rússia e Irã”, relata o site russo RT.

Os ministros das Relações Exteriores da Síria, Arábia Saudita, Jordânia, Egito e Iraque realizaram uma reunião em Amã (Jordânia), e divulgaram declaração conjunta conclamando para “acabar com a presença de organizações terroristas” e grupos armados na Síria. Pediram ainda o fim da “interferência estrangeira nos assuntos internos da Damasco” e prometeram “apoiar a Síria e suas instituições para estabelecer o controle sobre todo o seu território e impor o Estado de direito”.

Em fevereiro, um terremoto de 7,8 graus de magnitude atingiu a Turquia e a Síria, provocando dezenas de milhares de mortes. 


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