Esquerda na frente

Castillo sustenta vantagem de 0,4 ponto sobre Keiko Fujimori e se aproxima de vitória

Em disputa acirrada, candidato da esquerda vai superando filha de Fujimori por 50,2% a 49,8% dos votos válidos

ODPE Urubamba
ODPE Urubamba
Vantagem de votos entre a candidata da extrema direta contra Castillo é de apenas apenas 4.671 votos

São Paulo – O candidato da esquerda Pedro Castillo, do Peru Livre, segue em vantagem sobre sua adversária, a direitista Keiko Fujimori, do bloco Força Popular, na eleição para a presidência do Peru. Castillo tem uma vantagem de pouco mais de 71 mil votos (0,4 ponto percentual). A ex-deputada e filha do ditador Alberto Fujimori tem 49,8% dos votos válidos, ante 50,2% do professor e líder sindical.

Este texto foi publicado originalmente na segunda (6) e foi atualizado com números da autoridade eleitoral às 11h20 desta desta quarta-feira (9), com 99,8% das atas processadas e 98,3% dos votos contabilizados A qualquer momento, a RBA trará novas atualizações

A eleição presidencial no Peru ocorreu no domingo (6). Com os primeiros resultados das regiões mais ricas, como Lima, Fujimori começou a apuração na dianteira. Mas com a chegada dos votos computados no interior, litoral e zonas rurais e amazônica, o candidato de esquerda assumiu a liderança, mas com a diferença apertada, terá de esperar até o último minuto para celebrar a virada histórica. Nas primeiras horas de apuração após a eleição), por volta das 23h30 no Peru – 1h30 desta segunda (7) no horário de Brasília –, ela estava com 6 pontos percentuais de vantagem. 

Cerca de 25 milhões de peruanos estavam convocados para retornar às urnas neste domingo. Ao todo, 18,6 milhões participaram da eleição, o equivalente a 75%. A maioria alcançada pelo professor Pedro Castillo se dá graças no eleitorado que vive dentro de seu país. Entre os 18,3 milhões votos colhidos internamente, a vantagem de Castillo é superior a 171 mil e alcança 1 ponto percentual (50,5% a 49,5%). Considerados apenas os 320 mil votos de peruanos que moram no exterior (100% das atas processadas), a candidata da direita tem 99 mil a mais. O resultado é que, no cômputo geral, Pedro Castillo acaba superando Fujimori. Os números são do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe, na sigla em espanhol).

O que está em jogo

Assim, se superada, a filha do ex-ditador reprisará o mesmo cenário das eleições de 2016, quando foi derrotada por Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK. Na ocasião, a diferença de votos foi de 0,24%, pouco mais de 41 mil, segundo levantado pelo Giro Latino

À época, os apoiadores de Fujimori questionaram a lisura do sistema eleitoral, como deve se repetir neste pleito. O segundo turno das eleições presidenciais peruana foi marcado pela campanha ultradireitista com métodos similares aos de outros candidatos do espectro da extrema direita pelo mundo. Houve apontamentos de suposta fraude eleitoral e associação de Pedro Castillo ao “comunismo”. 

Durante a disputa, Keiko Fujimori apostou no discurso de reconciliação com os erros do passado, garantindo que irá respeitar os marcos democráticos. Mas levando os conservadores de volta ao poder. Essa é ainda a terceira vez que a candidata sai em disputa, podendo se tornar a primeira presidenta mulher do Peru. O candidato da esquerda, por outro lado, ataca o modelo neoliberal e defende uma nova Constituição – a atual foi promulgada durante a ditadura de Fujimori. Com apoio de setores populares e das áreas andinas e rurais, se eleito, o esquerdista poderá ser o primeiro representante peruano diretamente ligado ao povo.