na Contag

Dilma diz que é inútil se cercar de pessoas boas, mas descompromissadas

Presidenta pede que trabalhadores atuem para desfazer mentiras e afirma que proposta de fechamento de ministérios feita por Aécio e Marina tem Desenvolvimento Agrário no topo da lista

Cadu Gomes/Dilma 13

Dilma admitiu que é preciso melhorar as políticas do setor, especialmente a qualidade da reforma agrária

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff fez hoje (28) críticas aos principais adversários na corrida pela reeleição, Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), durante ato com trabalhadores rurais em Brasília. Sem citar os nomes da ex-ministra e do senador, a candidata do PT voltou a lançar mão da ideia de que sua experiência administrativa a diferencia dos oponentes.

“Só aqueles que fizeram sabe o quanto falta fazer. Nós sabemos o que falta fazer. E sabemos aonde temos que fazer. Ainda sabemos com quem fazer, com que parceria fazer”, afirmou, fazendo em seguida referência a Marina. Nos últimos dias, a candidata do PSB tem insistido na ideia de que faria um grande governo de união nacional, reunindo os melhores nomes de cada partido e de setores variados da sociedade, indo do líder extrativista e sindical Chico Mendes à banqueira Neca Setúbal, do Itaú, uma de suas coordenadoras de campanha.

“Como é que vou fazer uma política de agricultura familiar com quem não defende agricultura familiar? A pessoa pode ser ótima, pode ser uma boa pessoa, mas ela não tem compromisso com a agricultura familiar. Ela não fará. Não é uma questão de ter pessoas boas e más. É melhor ter pessoas boas e compromissadas do que ter pessoas boas e sem compromissos”, criticou a petista.

Pouco antes, Dilma havia feito referência a Aécio e a seu partido, o PSDB, recordando que durante o governo de Fernando Henrique Cardoso o país teve de recorrer três vezes a empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual hoje é credor. A candidata do PT afirmou que, na época “deles”,  “metade do Brasil ou era miserável, ou era muito pobre”, e associou a política econômica tucana a aumento do desemprego e arrocho salarial.

“Falam, e falam, e falam. E mostram o seu pessimismo porque apostam no quanto pior, melhor para poder ter uma alternativa”, disse. “A gente precisa ser capaz de nessa disputa deixar clara qual é a realidade, defender o que aconteceu e que nos beneficiou, porque temos certeza de que beneficiou o povo brasileiro, conseguiremos travar esse combate.”

Dilma pediu aos agricultores familiares que trabalhem junto aos mais novos para que conheçam a história dos camponeses 12 anos atrás, antes dos governos do PT. “Aquela seca que deixava homens e mulheres tão desesperados que eles invadiam feiras e supermercados. Essa geração conheceu uma política que vê cada um dos brasileiros igual ao outro no direito e na oportunidade.”

Durante o evento, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) entregou a Dilma um documento no qual apresenta 13 diretrizes para atender a reivindicações do setor. O texto tem finalidade parecida à do que foi entregue semanas atrás por representantes de centrais sindicais, que entendem ser necessário avançar em uma série de questões de interesse da sociedade brasileira. No caso da Contag, são enfatizados a necessidade de melhorar a reforma agrária, o fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia e o fortalecimento das estruturas do Estado.

Dilma admitiu que é preciso melhorar as políticas do setor, especialmente no que diz respeito à qualidade da reforma agrária, com medidas que garantam a fixação das famílias e não deixem os camponeses vulneráveis a pressões de mercado, e na assistência técnica para melhorar a produtividade das terras.

“O apoio de vocês me distingue e me honra. Tenho certeza de que nós, juntos, viemos construindo um Brasil melhor, no campo e na cidade”, afirmou. “Temos de trabalhar no sentido de formalizar os agricultores. Vou mobilizar e continuar mobilizando todo o aparato de fiscalização do governo para duas coisas: coibir o descumprimento da legislação trabalhista no campo, mas sobretudo combater sem trégua a maior vilania, que é o trabalho escravo.”

Dilma fez nova referência aos oponentes ao falar sobre a promessa de fechamento de ministérios. Aécio assegura que vai enxugar a estrutura administrativa à metade, se eleito, e Marina, embora evasiva nessa questão, herdou o programa de Eduardo Campos, que também falava em cortes de 50% na Esplanada.

A petista considera que o Desenvolvimento Agrário, aberto no governo Lula para lidar com as demandas dos pequenos agricultores e dos sem-terra, seria alvo preferencial dos adversários. “Perguntei para aqueles que propõem fechar ministérios, quais ministérios queriam fechar. O primeiro nome que foi dado foi o MDA. O primeiro nome de ministério que se propõe a fechar é o desenvolvimento agrário. Porque acham que o ministério não tem nada de diferente do Ministério da Agricultura.”