São Paulo

Prefeitura admite que crianças estão mais protegidas sem a volta às aulas. Decisão sai dia 22

Constatação é do inquérito sorológico dos estudantes, para a volta às aulas. Prefeitura mostrou preocupação síndrome inflamatória relacionada à covid-19

Tânia Rego/EBC
Tânia Rego/EBC
Salas de aula pequenas e com pouca ventilação podem ser o ambiente ideal para novos surtos de covid-19

São Paulo – O governo do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), reconheceu hoje (13) que as crianças estão mais protegidas em casa, sem a volta às aulas. Dados da 4ª fase do Inquérito Sorológico com as famílias das crianças matriculadas em escolas das redes municipal, estadual e privada da cidade mostram que 98% delas mantêm a adesão ao isolamento social e ao uso de máscara. A prefeitura também apresentou a revisão feita pela Secretaria Municipal da Saúde de estudos sobre a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, que, embora rara, já fez vítimas no município e no estado de São Paulo, apontando mais um potencial de risco para a reabertura das escolas.

No caso da síndrome inflamatória, a secretária-adjunta da Saúde, Edjane Maria Torreão, apresentou dados de um estudo de acompanhamento com 570 crianças que tiveram covid-19, realizado nos Estados Unidos. Do total, um terço dos casos foram leves, mas outro terço manifestou a síndrome inflamatória em algum momento. No Brasil, um estudo no Amazonas identificou 11 casos da doença. Duas crianças morreram. Outro, realizado pela Faculdade de Medicina da USP, com 371 crianças, identificou 66 casos positivos de covid-19 e seis casos de síndrome inflamatória.

Edjane também apresentou dados que confirmam que crianças, mesmo assintomáticas, têm carga viral mais elevada do que adultos que apresentaram casos graves e precisaram ser internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). E que o número de crianças assintomáticas é o dobro do número de adultos na mesma condição: 70% e 35%, respectivamente. Por outro lado, a prevalência da doença entre os professores é equivalente àquela dos trabalhadores em home office (7,8%), o que demonstra um grande potencial de contaminação entre os profissionais.

Os dados dessa fase do Inquérito Sorológico também consolidam que a prevalência da doença entre as crianças é maior que nos adultos: 16% nos estudantes, 13% nos adultos. No entanto, a prefeitura considera que isso se deve a contaminação ocorrida em casa, das crianças sendo infectadas por adultos que precisam sair para trabalhar por exemplo.

Apesar disso, Covas disse que apenas na próxima quinta-feira (22) vai apresentar a decisão sobre a volta às aulas na cidade de São Paulo. “Nós devemos ter na próxima semana, na quinta-feira da semana que vem, o resultado da primeira fase do censo que nós estamos realizando com todos os professores e alunos da rede municipal. Com isso, nós devemos ter a decisão em relação às aulas a partir do dia 3 de novembro, se continua com as atividades extracurriculares ou se teremos algum retorno (das aulas regulares)”, afirmou.