Democratização do ensino

Lula é homenageado em cerimônia dos 90 anos da USP. Tarcísio de Freitas prioriza outra agenda

Na presença de ministros, acadêmicos e intelectuais, presidente celebra a universidade e a política de cotas: “Para fazer parte do berço do conhecimento não é preciso ter nascido em berço de ouro”. Ao faltar, governador reforça que educação e ciência não são prioridades

Cecília Bastos/USP Imagens
Cecília Bastos/USP Imagens
Lula foi um dos homenageados com a Medalha Armando de Salles Oliveira

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite de ontem (25) da cerimônia de celebração dos 90 anos da Universidade de São Paulo (USP), na Sala São Paulo, região central da capital paulista. Lula foi um dos homenageados com a Medalha Armando de Salles Oliveira, criada em 2008, em reconhecimento a pessoas e instituições que contribuem para a valorização institucional, cultural, social e acadêmica.

Durante seu discurso, o presidente cumprimentou a universidade pela formação de inúmeras autoridades que atuaram no governo. E personalidades que contribuíram para o desenvolvimento e crescimento do país e que continuam prestando seus serviços. “Embora eu não tenha tido a oportunidade de estudar na USP, eu fui muito ajudado a construir tudo o que nos fizemos nesse país por muitas mulheres e homens da USP, por isso obrigado à USP”, disse.

Lula afirmou ainda que a cada dia a USP fica com a cara do Brasil miscigenado. E que não é mais pensada para que São Paulo seja o centro do Brasil. “É a cara do povo brasileiro da periferia, que durante muitas décadas nem sonhava em chegar na USP e hoje é praticamente a metade da universidade.” A política de cotas, destacada pelo presidente, foi implementada em 2013 nas universidades federais, mas só chegou à USP em 2018.

Criada em 1934 e vinculada ao governo de São Paulo, a USP, porém, foi desprestigiada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que priorizou outra agenda na capital. Em seu lugar foi o secretário de Ciência e Tecnologia Vahan Agopyan, que foi reitor da instituição. Em novembro, Tarcísio posou para foto ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi alvo de críticas de do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Uma USP em cada estado

Apesar da morosidade na implementação de cotas, Lula reforçou que, atualmente, mais da metade dos estudantes da USP são oriundos da escola pública. “A Universidade de São Paulo está mostrando que para fazer parte do berço do conhecimento não é preciso ter nascido em berço de ouro”, acrescentou. “É preciso muito esforço individual e é preciso agarrar todas as oportunidades que o governo oferece à parcela menos favorecida da juventude brasileira”, disse o petista.

O presidente afirmou ainda ter cobrado o ministro da Educação, Camilo Santana, para que mais instituições do país estejam no topo internacional, ao comentar excelência e posição de liderança da USP pelo mundo. “Ter apenas a USP no topo do ranking mundial é muito pouco. Eu pedi para o Camilo, disse que precisamos de mais. Podemos ter uma USP em cada estado. Podemos ter muitas outras universidades entre as primeiras do mundo. Não vamos mais desperdiçar as chances de investir em educação”, disse Lula.

A comemoração pelos 90 anos da USP foi acompanhada por diversas autoridades. Entre elas, o próprio Camilo Santana e Nísia Trindade (Saúde), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Ana Estela Haddad, ambos docentes da instituição.

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Redação: Clara Assunção, com Agência Brasil e Folha de S. Paulo