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Na segunda reunião sob o governo Lula, Copom anuncia nova decisão sobre juros

Apesar de críticas de vários setores da sociedade, expectativa é que Copom mantenha os atuais 13,75% ao ano, três vezes acima da inflação

Copom/ Divulgação
Copom/ Divulgação

São Paulo – No encerramento da 254ª reunião de Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (3), a expectativa recai novamente sobre decisão da taxa básica de juros, a Selic. A indicação é de manutenção dos 13,75% ao ano, apesar da artilharia governamental e de entidades sindicais e empresariais contra o patamar dos juros. O colegiado fará o anúncio no início da noite de hoje. É a segunda reunião sob o governo Lula.

Após uma sequência de 12 altas, a Selic está em 13,75% desde agosto do ano passado. A inflação anualizada vem cedendo, mas nem assim há sinal de que o Copom reveja, por ora, sua política monetária.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, alega que o “tempo técnico” é diferente do político. Os juros são seguidamente criticados por membros do governo. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a reclamar da taxa na última segunda-feira, durante o ato de 1º de Maio.

Em agosto de 2022, a inflação oficial (IPCA-IBGE) estava acumulada em 8,73%, depois de 11 meses acima dos dois dígitos. Mas desde então o IPCA caiu seguidamente, chegando a 4,65% ao ano em março. Ou seja, a taxa básica de juros, que estava 57% acima da inflação, em sete meses passou a ficar 196% mais alta que o IPCA anual.

    Para a equipe econômica, não há motivo para que o Copom mantenha os juros no atual patamar, o mais alto desde o início de 2017. Para os críticos, isso encarece o crédito e inibe a atividade produtiva. Várias empresas do setor automobilístico, por exemplo, anunciaram redução ou interrupção de atividades, incluindo os juros como um dos fatores.

    Arcabouço e teto

    Apesar da grita, o que os analistas esperam é manutenção agora e redução, talvez, a partir do segundo semestre. Na ata da última reunião, o Copom inclusive não descartou novas elevações, citando incertezas em relação ao chamado arcabouço fiscal, substituto do “teto de gastos”. Depois da divulgação da proposta, Campos Neto elogiou as novas regras.

    O “mercado” prevê inflação em torno de 6% neste ano. Na última divulgação do IBGE, o IPCA em 12 meses ficou abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos.