Sofria ameaças

Governo cobra investigação do assassinato de Mãe Bernadete, líder quilombola

Ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em Simões Filho, na Grande Salvador, ela perdeu um filho, também líder quilombola, assassinado em 2017

Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais
Em nota divulgada hoje (16), o MP-BA sustenta que quatro dos denunciados integram uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta sexta-feira (18) “investigações rigorosas” do assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. A ialorixá foi morta com 14 tiros ontem (17), em casa, na comunidade quilombola Pitanga de Palmares, em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.

Por meio das redes sociais, Lula expressou pesar e preocupação pelo crime contra a ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no município onde vivia. “O governo federal, por meio dos ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e Cidadania, mandou representantes e aguardamos a investigação rigorosa do caso. Meus sentimentos aos familiares e amigos de Mãe Bernadete”, escreveu o presidente.

Segundo o filho Jurandir Wellington Pacífico, Mãe Bernadete recebia ameaças havia pelo menos seis anos. Para ele, o assassinato foi encomendado. “Foi um crime de mando, não tem para onde correr. O cara foi pago para executar. Isso é notório, foi um crime de execução. Executaram meu irmão em 2017, agora executaram minha mãe. Isso me faz pensar que eu sou o próximo”, disse Jurandir ao jornal Folha de S.Paulo.

Conforme relatos, Mãe Bernadete estava ao lado dos netos quando dois homens, usando capacete, chegaram e abordaram a família. Eles trancaram os netos em um quarto e dispararam contra a ialorixá. Ela já havia sido ameaçada várias vezes e fazia parte de um programa de proteção a testemunha do governo na Bahia. Embora tivesse câmeras instaladas na sua casa e no entorno, com visitas periódicas de policiais ao local, não havia vigilância permanente.

Outro filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico, foi assassinado em 2017 na frente da escola da mesma comunidade quilombola. Conhecido como Binho do Quilombo, ele era um dos líderes quilombolas mais respeitados da Bahia.

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A Polícia Civil da Bahia. chegou a investigar o crime, que passou depois para a jurisdição da Polícia Federal (PF). A área da comunidade Pitanga de Palmares é alvo de especulação imobiliária e tentativas de grilagem de terra e disputas políticas, o que poderia ter motivado os crimes.

Segundo a Superintendência Regional da PF na Bahia, foi instaurado inquérito para investigação da morte de Maria Bernadete. E o assassinato de Flávio continua sendo apurado. Jurandir cobrou respostas do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do ministro da Justiça, Flávio Dino: “Minha mãe é sinônimo de luta e resistência e morreu lutando. É muito doloroso”.

Outras manifestações sobre o assassinato de Mãe Bernadete: