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Manifestantes ocupam prédio do MDA contra extinção

Ativistas ocuparam a sede da pasta extinta pelo presidente interino, Michel Temer. Após serem expulsos pela polícia, levantaram acampamento exigindo recomposição do ministério

mídia ninja

Manifestantes no saguão do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário

São Paulo – Ativistas de movimentos organizados de trabalhadores rurais ocuparam na manhã de hoje (23) o prédio do recém-extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Cerca de 2.500 manifestantes realizam um ato pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e, ao chegar no MDA, 300 pessoas se acomodaram pelos oito andares do prédio. A ocupação foi rapidamente reprimida pela Polícia Militar, que retirou os trabalhadores do prédio. Em seguida, os presentes levantaram acampamento em frente ao local.

Os manifestantes exigem a recomposição da pasta, que foi fundida ao antigo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, para a criação do gabinete unificado do Desenvolvimento Social e Agrário. “Nós, trabalhadores do campo, estamos sem saber com quem devemos conversar sobre nossas pautas. Antes, tratávamos com o MDA e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, explicou o ativista da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) Claudemir Silva.

Até o momento, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, não indicou o presidente nacional do Incra. Logo, o instituto está sem superintendências regionais, o que dificulta o diálogo com a sociedade civil. “Como não nos disseram com quem devemos falar, viemos para cá. Não temos data para sair. Queremos a nomeação imediata do corpo do Incra para dialogarmos nos estados. Queremos também o retorno imediato do MDA, que é a casa dos trabalhadores rurais e da agricultura familiar”, disse o ativista.

Em nota, a FNL informou que a manifestação reivindica, além da recomposição do MDA e da nomeação da direção do Incra, a manutenção das políticas sociais adotadas pelos governos anteriores do PT, liberação de orçamento para a política de habitação popular, um programa estruturado de reforma agrária, a demarcação de terras indígenas, reconhecimento de territórios quilombolas, políticas específicas para trabalhadoras e investimentos em educação, saúde, esporte, lazer, cultura e respeito.

Para Claudemir, a organização da base dos trabalhadores é essencial em um momento conturbado na política nacional. “Estamos unidos, pois o Brasil está em uma disputa, desde o fim de 2014, que só prejudica a classe trabalhadora (…) O governo Temer é longe de ser legítimo. É um governo interino. Então, ficamos com a questão de que para ele algumas coisas podem, para Dilma não (…) A classe política não sabe para onde vai”, afirmou em referência ao processo que afastou no último dia 12 a presidenta eleita Dilma Rousseff.