Solidariedade

Contra a fome, MTST abre cozinha solidária Herbert de Souza no centro de São Paulo

Inauguração da cozinha, na Praça da Sé, foi marcada pela distribuição de 500 marmitas. Boulos defende que a iniciativa se torne política pública para atender mais pessoas

Comunicação MTST
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Desde a inauguração da primeira cozinha, há pouco mais de um ano, foram entregues gratuitamente mais de 740 mil marmitas

São Paulo – Para ajudar no combate à fome, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) inaugurou nesta terça-feira (14) a Cozinha Solidária Herbert de Souza, ao lado da Praça da Sé, no centro de São Paulo. Esta é a primeira iniciativa do tipo na região central de uma grande cidade do país. As demais estão nas periferias. Em seu primeiro dia, foram distribuídas 500 marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade. Essa, aliás, é a quantidade de refeições que o MTST espera distribuir diariamente. Desde a inauguração da primeira cozinha pelo movimento, há pouco mais de um ano, já foram entregues gratuitamente cerca de 740 mil marmitas.

Participaram do ato político de inauguração representantes da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), do Projeto Quebrada Alimentada, Ação Cidadania e Movimento dos Pequenos Agricultores, entre outros, além do do coordenador do MTST, Guilherme Boulos.

Do cancelamento das pesquisas estatísticas, que esconde os famintos no país, ao modelo econômico que aprofunda desigualdades, o pré-candidato a deputado federal (Psol) fez duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro, responsável direto pelo aumento dramático da pobreza e pela volta da fome ao país. “33 milhões de pessoas com fome é inaceitável. Uma vergonha nacional. E quando isso acontece em um país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mostra o tamanho da contradição. Problema não é falta de comida. Problema é desigualdade, o modelo que serve para garantir privilégios. E não [garantir] que o nosso povo possa ter o básico: comida no prato”, disse o ativista.

Combate à fome em São Paulo

Boulos elogiou o empenho dos movimentos e redes apoiadores das cozinhas solidárias, que já somam 31 unidades em todo o país. E reconheceu que a iniciativa não resolve, sozinha, o problema da fome, que dobrou de 2020 para 2021, segundo inquérito da Rede Penssan divulgado semana passada.

“Mas mostram que a sociedade que a gente quer não é pautada pelo cada um por si. Mas que tem o valor da solidariedade em primeiro lugar. E a gente está mostrando que é possível fazer o que o movimento social sabe fazer. Desse desafio, a primeira etapa já foi feita. A segunda nos vamos começar a fazer. No dia 2 de outubro, quando espero que, em primeiro turno, a gente derrote o pior presidente que esse país já teve.”

Para atender mais pessoas – já que a fome tem pressa, como dizia o “patrono” da cozinha da Sé. Herbert de Souza, o Betinho –, Boulos defende que a iniciativa seja transformada em política pública. Uma ação governamental pautada na parceria entre a agricultura familiar e outros setores que permitam a instalação de cozinhas auto geridas pelos movimentos nos quatro cantos do país. A proposta, aliás, foi feita ao pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, Lula e Boulos almoçaram em uma dessas cozinhas.

E foi enfático: “Tem de virar política pública. E que no ano que vem haja não só uma cozinha solidária como essa da Sé, mas milhares de cozinhas solidárias, como política de combate à fome, subsidiada pelo governo brasileiro. Assim, em vez de o dinheiro público ir para o orçamento secreto do Centrão, que vá para encher a barriga do nosso povo. Porque o que estamos vivendo não é falta de dinheiro, mas de prioridade. E temos esse desafio político e histórico”.