Sem veneno

Bela Gil e ministros participam da colheita de arroz agroecológico do MST

Produção sai de 22 assentamentos dos trabalhadores sem-terra. Além de serem os maiores produtores da América Latina, produção é alternativa ao modelo convencional. Festa será realizada em Viamão (RS)

Alex Garcia/MST
Alex Garcia/MST
Expectativa desta safra é colher 16 mil toneladas

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) celebra nesta sexta-feira (17) a 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, que movimenta 22 assentamentos e envolve 352 famílias no Rio Grande do Sul. Segundo a direção do MST no estado, o evento, na cidade de Viamão, terá a presença de pelo menos cinco ministros e da apresentadora Bela Gil, especialista em alimentação saudável.

O movimento destaca o fato de os sem-terra serem apontados, há mais de uma década, como os maiores produtores de arroz agroecológico na América Latina. E cita o Instituto Riograndense de Arroz (Irga). Segundo o Grupo Gestor do Arroz Orgânico – formado pelos assentados –, a estimativa é colher nesta safra, em números aproximados, 16.111 toneladas de arroz orgânico em 322.235 sacas de 50 quilos cada, em área de 3.200 hectares. As principais variedades plantadas são agulhinha e cateto.

Sete cooperativas, 352 famílias

Ainda de acordo com o MST, os 22 assentamentos estão espalhados em nove municípios – regiões metropolitana, sul e centro-sul e na fronteira oeste gaúcha. As famílias se organizam em sete cooperativas.

Os sem-terra esperam reunir 5 mil pessoas no evento. Os ministros que confirmaram presença, diz o MST, são Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).

Além deles, são esperados os presidentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar Nutricional (Consea) no estado, Juliano de Sá. E também representantes de universidades, cozinhas comunitárias e movimentos sociais.

Alternativa ao agronegócio

Com isso, o MST afirma que as famílias assentadas “têm se reafirmado como alternativa ao modelo convencional praticado pelo agronegócio; prezando pela concepção de produção de alimento saudável em qualquer escala, preservando o meio ambiente, em um processo cooperado, que busca a distribuição de renda entre os produtores e produtoras”. Para que possa “chegar à mesa dos consumidores a preço justo”.

Durante a festa, será lançada a Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi. “Tal unidade traz algumas garantias para os produtores e produtoras do MST, como o aumento da produção, autonomia na produção de bioinsumos e acesso a novas tecnologias, o que beneficia as famílias agricultoras”. O nome homenageia engenheira agrônoma e pesquisadora que morreu em 2020, aos 99 anos.

Autonomia na produção

“Membros do Grupo Gestor apontam que estão em busca de maior autonomia no processo produtivo, na produção da semente, insumos e bioinsumos, na melhoria dos maquinários, domínio do manejo técnico, gestão da irrigação e processo permanente de capacitação e formação”, informa ainda o MST. Assim, os trabalhadores fazem parcerias com universidades e o próprio Irga. Além do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), a Emater RS (entidade de assistência técnica e extensão rural) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“A Cootap (uma das sete cooperativas) decidiu produzir o próprio insumo para melhorar a fertilidade do solo e ter estratégias de redução de custo nas propriedades das famílias”, diz Dioneia Ribeiro, produtora de arroz agroecológico e integrante do Grupo Gestor. “Também reforçamos a importância de sempre inovar e trazer novas tecnologias para qualificar os nossos alimentos”, acrescenta.

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Dessa forma, para a atual safra, o uso desse insumo foi implementado em duas áreas de pesquisa (28 hectares). Para a safra 2023/2024, o objetivo é que esteja em toda a produção de arroz orgânico dos assentamentos em Viamão – 1.126 hectares. “A luta do MST é pela soberania alimentar popular, mas antes disso os sem-terra se somam no combate à fome que assola milhares de brasileiros e brasileiras” afirma o movimento.