A economia comportamental estuda o processo decisório dos agentes, considera que outros pontos influenciam nas decisões de consumo, e não apenas a racionalidade econômica. Ou seja, este segmento da economia procura analisar outras situações que contribuem para a tomada de decisão dos agentes. A compulsão psicopatológica faz os agentes compulsivos tomarem decisões econômicas – neste caso a decisão de consumir. E isso, mesmo sem necessidade e sem condições financeiras. E faz isto estimulado por fatores psicológicos, provocando várias consequências.

A economia comportamental tem uma ótica complementar à educação financeira. A partir de observações das decisões dos indivíduos no dia a dia, acrescenta as contribuições da psicologia para explicar os frequentes e incoerentes comportamentos financeiros. E faz isso sustentando que emoções, contexto, características psicológicas e cognitivas são influências importantes na gestão das finanças.

O comportamento de consumidor, é a soma de todas as ações, percepções, atitudes e influências que levam o indivíduo a tomar uma decisão de compra, e depende de algumas variáveis determinantes como:

• fatores culturais
• sociais
• econômicos
• e psicológicos.

O consumo sempre fez parte da existência humana. As pessoas adquirem bens e serviços para sobreviver e desempenhar atividades. O consumo consciente não é prejudicial à saúde. Pelo contrário, é necessário consumir para satisfazer nossas necessidades.

Também ocorre a influência e sugestionamento que a mídia faz nos meios de comunicação, nas redes sociais. Com propagandas e demais apelos comerciais que chegam ao consumidor, podem gerar desequilíbrio emocional, baixa autoestima e insegurança. Tudo isso porque nem todos têm o mesmo poder de compra.

Consumismo

Diferentemente de consumo, consumismo significa comprar em excesso, exagerar nos hábitos de compra e fazê-los por impuls. Porém, ele se dá de forma esporádica, mais acentuada em datas comemorativas, como Natal, aniversários, Sia das Mães, dos Pais, das Crianças etc.

Muitas pessoas se submetem a grandes dívidas para satisfazer seus desejos ou ter um estilo de vida social e econômica incompatível com sua realidade. Mas ainda assim o consumista não é considerado um indivíduo psicopatológico, pois seus impulsos são controlados e inconstantes, além de manifestar alegria e satisfação após suas compras, sensação essa que o oniomaníaco não experimenta. É quando o ato de consumir vira um vício, uma doença.

A Oniomania ou Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC):

A Oniomania é o transtorno do comprar compulsivo, é uma condição crônica, onde o comportamento repetitivo, descontrolado e contínuo é prevalente e muito difícil de ser interrompido e pode ser encontrado em pessoas no mundo todo, tendo como principal característica a impulsividade.

Principais classificações da Oniomania ou TCC:

• impulso patológico
• impulsos reativos, como a piromania e a cleptomania
• transtorno de dependência como o uso de álcool e drogas
• e transtornos obsessivos compulsivos, como a dependência de internet, jogo patológico, sexo compulsivo e os acumuladores compulsivos.

Consequências da Oniomania: comprometendo a renda familiar

Cada consumidor tem seu montante de renda disponível, em dado período de tempo, fator que limita suas possibilidades de consumo, limitando os efeitos do transtorno devido ao limite de gastos. Ou seja, esta restrição orçamentária evita que o transtorno gere consequências ainda maiores para o compulsivo.

Se o transtorno provoca um impulso muito grave, pode acontecer de prejudicar o orçamento da pessoa a ponto de comprometer a compra de bens e serviços básicos para sua sobrevivência e até de todos que dependem da renda que foi utilizada indevidamente por causa das compras excessivas ocorridas pelo consumismo, esta situação é um sinal de que este transtorno deve ser tratado com urgência.

O descontrole da oniomania piora quando a compra é facilitada e estimulada pelo acesso ao crédito, pelo parcelamento da compra e também a possibilidade de comprar on-line. Tudo que promove a compra pode ser utilizado por quem possui TCC, como por exemplo, marcar o horário para receber o produto que foi comprado.

Esta situação permite esconder o impulso da compra excessiva dos demais integrantes da família. Situações como esta fazem o compulsivo achar que “tudo está sobre controle”. Isto conduz ao aumento do endividamento até não mais conseguir pagar dívidas e não ter dinheiro para pagar despesas básicas, comprometendo o sustento e o bem-estar do compulsivo e da família

Diagnóstico

É muito difícil diagnosticar uma pessoa com oniomania, já que o ato de comprar não é ilegal e nem condenado pela sociedade. Muito pelo contrário, o consumo de bens e serviços é bastante estimulado, por liquidações, promoções e descontos imperdíveis. Mas fica evidente que pessoas com esse transtorno são dependentes, perdem o controle de seus impulsos e comportamentos. Inclusive, muitos o comparam com o vício em drogas, como o alcoolismo, tabagismo etc. Sofrem de depressão, ansiedade, angústia, frustração e irritabilidade.

• Esconder as compras da família ou do (a) parceiro (a)
• Mentir sobre a quantidade verdadeira de dinheiro gasto em compras
• Gastar em resposta a sentimentos negativos como depressão ou tédio
• Sentir euforia ou ansiedade durante a realização das compras, ao mesmo tempo ter o sentimento de que é algo proibido e/ou errado
• Sentir decepção, estresse, raiva ou medo após a realização das compras
• Culpa, vergonha e baixa autoestima devido as compras excessivas
• Comprar coisas que nunca, ou quase nunca serão usadas, na maioria das vezes ficam guardados ou devolvidos as lojas
• E atração incontrolável por cartões de crédito e cheques especiais, alguns fazem coleção.

As compras compulsivas podem levar o indivíduo a ter sérios problemas como:

• Psicológicos: como transtornos de ansiedade e depressão, ocupacionais
• Financeiros: como o endividamento (destacado), perda de seus empregos e falência de seus negócios
• Pessoais: como divórcios e outros conflitos familiares
• Outros ainda buscam alternativas ilegais para sanar suas dívidas, como recorrer a agiotas
• E tem aqueles que buscam o suicídio como forma de cessar tais sofrimentos.

Não existe um tratamento padrão para o transtorno TCC, visto que cada indivíduo desenvolve diferentes comorbidades psiquiátricas associadas a esse transtorno. Mas de um modo geral o tratamento deve ser conduzido de forma interdisciplinar. Quem percebeu um alerta deve procurar um profissional que conheça este tipo de transtorno para lhe recomendar o melhor tratamento.

Celoy Sene Rodrigues Silva – Pedagoga, economista, pós-graduada em Psicopedagogia, Alfabetização e Letramento e estudante de Psicologia da USCS.

Vinicius Oliveira Silva – Economista, mestre em Economia, especialista do Procon-SP, professor da graduação e pós-graduação da USCS.

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