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Greve dos metroviários conquista liberação das catracas e negociação ‘muda de patamar’

Categoria reivindicava manutenção dos serviços à população há várias campanhas. “Desafio aceito” pelo governo mostra que objetivo não é causar prejuízos aos usuários, afirmam metroviários

Divulgação/Sindicato dos Metroviários
Divulgação/Sindicato dos Metroviários
Greve dos metroviários de São Paulo começou com paralisação total, mas categoria se organiza para manter serviço, enquanto reivindica "respeito" pelo governo de São Paulo

São Paulo – A Companhia do Metropolitano (Metrô) de São Paulo aceitou a proposta dos trabalhadores de liberar as catracas para encerrar a greve, segundo o Sindicato dos Metroviários. Com isso, a entidade orientou os trabalhadores a retomar seus postos para que as estações sejam abertas. Em vídeo nos grupos de WhatsApp da categoria e nas redes sociais da entidade, a presidenta do sindicato, Camila Lisboa, comunicou que o governo de São Paulo “aceitou o desafio” e fez a convocação. Posteriormente, a Justiça do Trabalho derrubou a medida. E a paralisação continuou.

“Conquistamos a catraca livre. Nosso patamar de negociação mudou. Agora a gente pode mostrar para a população que nosso objetivo não é prejudicar ninguém. Todos de volta ao trabalho, com uniforme”, disse a dirigente. Segundo o sindicato, a previsão era a de que as estações voltassem a operar entre 10h e 11h.

Ontem, o Judiciário chegou a aceitar a liberação as catracas. Mas hoje o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) deferiu liminar ao Metrô que determina o funcionamento de 80% do serviço nos horários de pico (entre 6h e 10h e das 16h às 20h) e com 60% nos demais horários. ,

“Considerando as circunstâncias e urgência do caso, e diante da  manifestação  expressa  da  empresa pela recusa  ao  procedimento de liberação das catracas, entendo pela necessidade de estabelecer certos parâmetros para o regular exercício do movimento paredista”, afirmou o desembargador Ricardo Apostolico Silva.

Assista:

O Metrô aceitou a proposta com a condição de que a toda a operação seja retomada. A paralisação começou na madrugada desta quinta (23), incialmente por tempo indeterminado, nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata. As três linhas afetadas pela greve respondem por 90% dos 2,8 milhões de passageiros transportados por dia por todo o Metrô de São Paulo.

Segurança garantida

Em entrevista ao portal UOL, o secretário de imprensa do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes, relatou que o governo de São Paulo aceitou a liberação das catracas das estações de metrô, desde que os metroviários voltem ao trabalho.

“Fizemos um ofício ao governo do Estado para não prejudicar a população. Nossa greve seria com catraca liberada. Recebemos agora a notícia de que o governador aceitou o desafio. Tão logo nos organizemos, vamos liberar as catracas e atender a população, obviamente continuando nosso protesto em busca de nossas reivindicações”, disse Alex.

O sindicalista destacou também os metroviários são preparados para atender a população e que as catracas estarão livres, mas com controle de fluxo. “Atenderemos a população com toda a segurança, de forma que as pessoas sejam transportadas para seu trabalho, lazer e compromissos de forma geral. Após anos de desafio, será a primeira vez que faremos a catraca livre em nosso protesto”, completou.

Greve foi último recurso

Há três anos sem abono e acumulando funções, os metroviários vêm há meses cobrando “o devido respeito” na atual campanha salarial. “A gente vem fazendo negociação com o Metrô desde o início do ano, alguns pontos avançaram, mas nas últimas duas semanas houve um retrocesso nessas negociações”, explicou Camila Lisboa à jornalista Marilu Cabañas, em entrevista para a Rádio Brasil Atual.

“O governador de São Paulo ,ontem (22), travou a negociação, ao determinar que não vai pagar o abono compensatório dos metroviários. Faz três anos que os trabalhadores não recebem a participação nos resultados. E nesses três anos a categoria trabalhou, ficou doente, se contaminou por causa da pandemia. A gente quer o devido respeito, quer o abono compensatório e quer a abertura de concurso público para contratação de funcionários. E essa é motivação da greve”, completou.

Com a continuidade das operações com catraca liberada para não prejudicar a população, as negociações continuam, mas ainda não há data para nova reunião da categoria com a empresa.