Não reconhece

Empresa acerta verbas rescisórias a resgatados de vinícolas, mas se nega a pagar indenização

Contratante não quer reconhecer ocorrência de trabalho escravo. Vinícola envolvida no caso apresenta pedido de desculpas

Polícia Rodoviária Federal
Polícia Rodoviária Federal
Alojamento de trabalhadores resgatados: maioria voltou para casa

São Paulo – Responsável pela contratação dos 207 trabalhadores resgatados pela fiscalização em vinícolas de Bento Gonçalves (RS), a Fênix Serviços de Apoio Administrativo quitou as verbas rescisórias. Mas se nega a pagar indenização por danos morais, como propôs o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS).

“A empresa não aceitou a proposta de acordo apresentada pelo MPT-RS, especialmente o pagamento de indenização individual aos trabalhadores resgatados, por não reconhecer a ocorrência de trabalho em condições análogas à escravidão”, informou a Procuradoria. “O MPT seguirá com a investigação do caso em inquérito civil já em andamento.”

Assim, o pagamento de verbas rescisórias somou R$ 1 milhão. Já a proposta de indenização por danos morais individuais fica em torno de R$ 600 mil. Trabalhadores podem, se quiserem, entrar com reclamação na Justiça. A maioria deles retornou às cidades de origem, na Bahia.

O Ministério Público tem feito reuniões virtuais com a Fênix e com as três vinícolas envolvidas no caso (Aurora, Garibaldi e Salton). Ontem (2), a Aurora publicou nota com pedido de desculpas. “Os recentes acontecimentos envolvendo nossa relação com a empresa Fênix nos envergonham profundamente (…) Gostaríamos de apresentar nossas mais sinceras desculpas aos trabalhadores vitimados pela situação. Ninguém mais do que eles trazem, nos ombros curados pelo sol, o peso de uma prática intolerável, ontem, hoje e sempre”, diz o documento. Por sua vez, Garibaldi e Salton divulgaram notas em que afirmam repudiar a prática.

Sandro Fantinel, o parlamentar que foi gravado em discurso racista e xenófobo em apoio às vinícolas, agora postou vídeo em que se diz “arrependido” e falando em “lapso mental”. São muitas as ações pedindo sua cassação.

Movimentos sociais fizeram protesto na Câmara de Caxias do Sul, onde nesta semana um vereador faz ataques e insultos aos trabalhadores baianos. Assista: