Diretor da OIT mostra emoção, mas ressalta condições de trabalho ruins

Também chileno, Juan Somavia afirmou que os 33 mineiros ficaram presos devido às condições de segurança insuficientes

São Paulo – O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, que é chileno, expressou sua “profunda emoção” pela operação de resgate dos 33 mineiros no norte do Chile, mas lembrou que não se pode esquecer que as medidas de segurança no local eram insuficientes. “Como diretor-geral da OIT e como chileno, compartilho a emoção de tantos milhões em todo mundo ao ver o retorno desses heróis do fundo da terra”, afirmou Somavia, em comunicado, incluindo ressalvas. “Não podemos esquecer o começo dessa história dramática: os mineiros ficaram presos porque as medidas de segurança eram insuficientes. Isso é parte de uma realidade para a qual a OIT também volta suas energias”, acrescentou.

Ele afirmou ainda que, no Chile, o tema segurança do trabalho faz parte de uma agenda conjunta envolvendo governo, empregadores e trabalhadores. “Seguiremos colaborando com eles, inspirados nos princípios do trabalho decente.”

Segundo o diretor da OIT, ainda há muito a fazer no mundo para melhorar as condições de trabalho na indústria de mineração e em outras atividades consideradas perigosas. “Pelas nosssas estimativas, o setor de mineração emprega cerca de 1% da força de trabalho do mundo, e no entanto é responsável por 8% dos acidentes fatais”, informou Somavia. “A cada dia morrem no mundo 6.300 pessoas por acidentes ou doenças relacionados ao trabalho, o que representa mais de 2,3 milhões de mortes por ano. Além disso, há 337 milhões de acidentes que ocorrem todos os anos nos locais de trabalho.”

Essa talvez seja a principal “contribuição” dos 33 mineiros chilenos, analisa Somavia. “Eles fizeram com que em todo o mundo surgisse a pergunta sobre como criar mais segurança, mais proteção, mais prevenção, mais trabalho decente, nos locais onde o trabalho perigoso exige com especial urgência. Obrigado por isso. Obrigado por essa chamada à consciência universal para uma maior segurança no trabalho.”