Na Justiça

Americanas: centrais pedem bloqueio nas contas de bilionários para proteger trabalhadores

Entidades querem apuração rigorosa das responsabilidades de Jorge Paulo Lehmann, Beto Sucupira e Marcel Telles pelo rombo na empresa

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Bloqueio das contas dos empresários é a única forma evitar calote nos trabalhadores, diz advogado

São Paulo – Centrais sindicais entraram ontem (25) na Justiça para garantir os direitos dos mais de 44 mil trabalhadores do Grupo Americanas em todo o país. Na ação civil pública, pedem o bloqueio de R$ 1,53 bilhão das contas pessoais de Jorge Paulo Lehmann, Beto Sucupira e Marcel Telles. Os donos da 3G Capital seriam os cabeças do golpe contábil de R$ 40 bilhões, que culminou na recuperação judicial da empresa.

Nesse sentido, os dirigentes sindicais alertam que há risco iminente de insolvência e calote nos trabalhadores, não apenas nos credores e pequenos acionistas. “Com a ameaça de descumprimento dos direitos de trabalhadores e de trabalhadoras, a ação civil pública busca garantir que o patrimônio pessoal dos acionistas possa ser executado independentemente do processamento da recuperação judicial”, diz a nota das centrais.

Assinam a ação CUT, UGT, CTB, Força Sindical, CSB e Nova Central. Assim como a Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs-CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC). “Além da defesa do emprego e dos direitos dos mais de 44 mil empregados do Grupo Americanas, que estão espalhados em mais de 1.700 lojas, a ação também busca garantir que aquelas pessoas que lutam na Justiça do Trabalho para conseguir receber seus direitos não se prejudiquem com o processo de recuperação judicial ou com eventual falência”, afirmam os dirigentes.

Inconsistência ou golpe?

O bloqueio de R$ 1,53 bilhão se refere aos valores somados das cerca de 17 mil ações trabalhistas em curso contra as Americanas. Desse modo, as entidades sindicais seguem a mesma estratégia dos bancos credores das Americanas. Eles temem não verem mais a cor dos bilhões em empréstimos, já que os recursos foram congelados após a empresa entrar em recuperação judicial. Assim, buscam responsabilizar diretamente o trio de bilionários.

Assim, tanto as instituições financeiras como as entidades sindicais classificam como fraude o rombo bilionário que as Americanas chamam de “inconsistências contábeis”. “É essencial que a Justiça do Trabalho desconsidere a personalidade jurídica das Americanas e responsabilize solidariamente aqueles que mais se beneficiaram da fraude durante todos esses anos. É a única forma de garantir que o grupo não dê calote nos trabalhadores e que cumpra com suas obrigações”, afirma o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle.

Com informações da CUT