Ameaça de corte

Metalúrgicos da Mercedes em São Bernardo param em protesto contra anúncio de demissões

Montadora quer demitir 3.600, sendo 2.200 efetivos e 1.400 temporários. Sindicato cobra negociação

Adonis Guerra/SMABC
Adonis Guerra/SMABC
Assembleia na porta da fábrica decidiu paralisação até segunda-feira

São Paulo – Trabalhadores na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo vão interromper a produção até a próxima segunda-feira (12). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), a medida, decidida em assembleia na tarde desta quinta (8), é em protesto contra demissões anunciadas pela empresa. No dia seguinte, metalúrgicos e montadora têm reunião.

Na terça-feira (6), véspera do feriado, a montadora anunciou um plano de reestruturação da fábrica de caminhões e chassis, inaugurada em setembro de 1956. Isso resultaria, segundo a Mercedes, em aproximadamente 3.600 demissões (2.200 efetivos e 1.400 temporários), além da terceirização de parte da operação. A fábrica tem 9.500 empregados, sendo 6 mil na produção.

Transformações

De acordo com o sindicato, os 2.200 trabalhadores atingidos estão nas áreas de logística, manutenção, ferramentaria, laboratórios, fabricação de eixos e transmissões de caminhões médios. A montadora fala em transformações na indústria automobilística. E diz que está “garantindo a sustentabilidade dos negócios” a longo prazo no Brasil.

Moisés: empresa precisa aprender a negociar (Foto: Adonis Guerra/SMABC)

O presidente do sindicato, Moisés Selerges, funcionário da Mercedes, afirmou que a paralisação servirá para demonstrar à nova direção da empresa no Brasil que é preciso saber negociar antes de anunciar cortes. “Precisamos mostrar que um processo de negociação se faz em torno de uma mesa. Muitas vezes num processo de negociação não vai prevalecer tudo que o sindicato quer, mas também não vai prevalecer tudo o que a empresa quer”, ponderou.

Ele também apontou “a incoerência” do comunicado da montadora, já que até a semana passada havia gente sendo contratada. “Então como é que funciona? Contrata em uma semana e na outra solta um boletim dizendo que tem que demitir? Isso não é lógico, não é racional”, criticou Moisés. “Queremos lutar pelos nossos empregos e pelo futuro também dos companheiros de contrato temporário. A luta tem que ser de todos e não só das áreas envolvidas. Aqui não tem herói, tem gente comprometida para fazer a luta, e pode ser um processo longo, temos quer ter fôlego.”

Com 9.500 funcionários, fábrica do ABC produz caminhões e chassis (Foto: divulgação)


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