Saúde privada

Trabalhadores denunciam abusos em hospital da NotreDame Intermédica em BH

Demissões, sobrecarga e pressão crescente em hospital da Notredame Intermédica, em processo de fusão com a Hapvida, afetam pacientes e profissionais de saúde

Divulgação/Sindeess
Divulgação/Sindeess
Lideranças entregaram reivindicações com mais de 100 assinaturas contra desmonte no atendimento

São Paulo – Trabalhadores entregaram hoje (9) documento com mais de 100 assinaturas denunciando abusos em HospitalLifecenter, de Belo Horizonte, ligado ao gigante brasileiro dos planos de saúde, Grupo NotreDame Intermédica (GNDI). O relatório aponta sobrecarga, pressões e outros problemas decorrentes da aquisição da instituição histórica em dezembro de 2020. Depois disso, a operadora acabou ainda incorporada pelo operadora Hapvida, compondo um mega-conglomerado privado de saúde. Segundo relatos, desde então a nova gestão implementou diversos cortes e mudanças que atingiram os funcionários e, por consequência, o atendimento aos pacientes.

Segundo a auxiliar de rouparia Cleusa Lopes, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de BH e Região (Sindeess), desde a compra houve muitas demissões. Assim, falta pessoal em vários setores e os funcionários vivem sob pressão.

“Os profissionais de enfermagem estão lutando para dar o atendimento necessário, pela situação de sobrecarga. Supervisores reclamam não ter tempo nem equipe para treinar novos funcionários”, disse a dirigente, que trabalha há 13 anos no hospital.

Técnicos de enfermagem, incluindo aqueles que trabalham no Pronto Atendimento, na Unidade de Terapia Intensiva e no Bloco Cirúrgico, reclamam que não há substitutos para os que precisam faltar, estão em licença médica ou tiram férias. Para se ter uma ideia da situação, há dois técnicos para atender 18 pacientes.

Isso porque houve cancelamento do contrato entre o hospital e um laboratório. E técnicos de enfermagem têm de cobrir tarefas anteriormente realizadas por técnicos de laboratório. Por exemplo, coleta de sangue e atualização de prontuários em programas de computador específicos, entre outras atividades.

Desinteresse da gigante dos planos de saúde

Para completar, os funcionários do Hospital Lifecenter reivindicam um canal para atendimento de recursos humanos. O atendimento presencial, eliminado com a compra pelo Grupo NotreDame Intermédica, em dezembro de 2020, foi substituído por atendimento informatizado. Vários trabalhadores apontam problemas relacionados a essa transição, incluindo o pagamento de férias, adicional noturno e acesso ao plano de saúde dos funcionários.

Lideranças do Sindeess relatam várias tentativas frustradas de chegar a um acordo com a empresa. Segundo o sindicato, não houve interesse da Hapvida Intermédica em buscar soluções em conjunto contra os abusos no hospital da empresa de planos de saúde. Maria Josefina Souza da Silva, funcionária do hospital e dirigente do Sindeess, afirmou que “os funcionários do Hospital Lifecenter são dedicados ao seu trabalho e a cuidar da população de Belo Horizonte”. Mas ficam arrasados ao ver o impacto desses problemas para uma instituição que sempre foi referência na cidade.

“Nós, no Sindeess e na UNI, exigimos uma negociação séria para resolver a situação de sobrecarga e outros problemas que os nossos associados estão enfrentando no hospital. Para que eles possam trabalhar com dignidade e prestar o melhor atendimento possível para os seus pacientes”, disse. O Sindeess representa mais de 30.000 profissionais da saúde na região. A UNI Global Union é uma entidade sindical internacional que reúne organizações de trabalhadores do setor de serviços, inclusive de saúde.

A Hapvida ficou famosa em todo o país depois de levar multa de R$ 468 mil do Ministério Público do Ceará em 2021. A empresa impôs aos médicos conveniados que receitassem o chamado kit covid aos pacientes com covid-19. A prescrição ocorreu mesmo após a OMS ter declarado a ineficácia da hidrocloroquina contra a doença.


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