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Governo Nunes ignora campanha salarial, e servidores protestam em São Paulo

Servidores municipais protestaram nessa quinta pelas ruas do centro da capital paulista e em frente à prefeitura. Reivindicações foram entregues em março. Mas prefeito Ricardo Nunes se nega a dialogar e joga para maio uma resposta

Alexandre Linhares/Sindsep
Alexandre Linhares/Sindsep
Entre as reivindicações está o reajuste de 45,14% nos salários de todo o funcionalismo, para repor as perdas dos últimos 7 anos

São Paulo – Milhares de servidores municipais foram às ruas do centro de São Paulo e à frente da prefeitura, ontem (28), reivindicar que o governo Ricardo Nunes (MDB) inicie a negociação da campanha salarial deste ano. Os trabalhadores entregaram a pauta de reivindicações em 11 de março. Uma primeira manifestação para cobrar respostas já havia sido realizada no último dia 8. Mas, até agora, o prefeito se nega a dialogar e joga para meados de maio uma resposta, buscando dividir a campanha unificada, na avaliação dos servidores.

Entre as reivindicações, está reajuste de 45,14% nos salários de todo o funcionalismo, para repor as perdas dos últimos sete anos. Assim como a realização de concursos públicos e o fim dos processos de terceirização, privatizações, concessões e dos contratos com organizações sociais, as OSs. Os trabalhadores também cobram um aumento no vale alimentação, proporcional por categoria. E a garantia de uma revisão geral anual plena para todo o funcionalismo público da capital paulista. A proposta passa pela necessidade de aprovação de uma lei na Câmara Municipal. 

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, destaca também a busca por reverter os descontos previdenciários aplicados sobre os aposentados. 

Sete anos com reajuste zero

“Tiraram a isenção inclusive do pessoal com doença grave. Eles (do governo) têm uma mentalidade criminosa, sem nenhuma empatia. Temos servidores que estão morando na rua, que não têm casa para morar e são aposentados. Estamos vivendo uma situação muito grave, com 12% de inflação, perdas acumuladas desde 2015 que já passaram de 46%. Uma cidade que tem o quarto ou quinto maior orçamento do Brasil, com R$ 27 bilhões em caixa que ele (Ricardo Nunes) não utilizou no ano passado provavelmente para usar neste, que é um ano eleitoral, de forma eleitoreira. E nenhuma resposta para os servidores municipais que acumulam perdas ao longo do tempo”, critica o dirigente sindical.

Os trabalhadores destacam que não há justificativa por parte do governo Nunes para negar a concessão do reajuste salarial. A categoria justifica que a cidade tem hoje o maior orçamento de sua história, uma arrecadação de impostos em alta e um polpudo caixa somando bilhões de reais. Além disso, a capital paulista investe apenas 30% de suas receitas na folha de pagamento. 

Nunes x serviço público

A Lei de Responsabilidade Fiscal limita os gastos com pessoal a até 54% da receita. O que mostra que o governo Nunes tem uma boa margem para valorizar os trabalhadores, destacam. Segundo Antiqueira, mesmo que fosse concedido o reajuste total pedido pelos servidores, o gasto com pessoal nem chegaria perto do limite. “Ele (Nunes) não tem justificativa. A única justificativa que ele tem, de motivação, na verdade, é de acabar com o serviço público e os servidores e matar os aposentados, inclusive aqueles com doenças graves.”

Desde 2001, os servidores municipais de São Paulo recebem reajuste anual de 0,01%. Apenas nos últimos sete anos, os trabalhadores calculam que as perdas pela inflação estão acumuladas em mais de 45%. O índice é idêntico ao que Nunes teve de aumento salarial deste início do ano. Acabar com essa política de reajuste zero é também um ponto fundamental da campanha salarial unificada dos funcionários.

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