Defesa da soberania

Petroleiros articulam greve nacional contra a privatização da Petrobras

Trabalhadores da estatal realizam assembleias setoriais até o próximo dia 12 para discutir a mobilização contra projeto do governo de entregar ao setor privado as ações da empresa

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Conselho Deliberativo da FUP indicou a realização de setoriais em todas as bases até o dia 12 de novembro para que os trabalhadores apresentem propostas para construção de uma nova greve nacional

São Paulo – Trabalhadores da Petrobras e sindicatos da categoria ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) realizam até a próxima sexta-feira (12) assembleias para discutir a construção de uma greve nacional contra a privatização da empresa. O presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, já anunciaram que estão discutindo com as lideranças do governo no Congresso Nacional a apresentação de um projeto de lei que autoriza entregar ao mercado financeiro as ações da Petrobras que ainda estão sob controle do Estado brasileiro.

Para se contrapor a mais este ataque, o Conselho Deliberativo da FUP indicou a realização de assembleias setoriais em todas as bases para que os petroleiros apresentem propostas para construção de uma nova greve nacional.

Os sindicatos também estão aproveitando o espaço das assembleias setoriais para discutir com os trabalhadores mobilizações contra os desmandos dos gestores da Petrobras, como a imposição de forma unilateral da tabela de turno 3×2 (três dias de trabalho e dois dias de descanso).

Sem acordo com o TST

Os petroleiros afirmam que a gestão da Petrobras continua agindo de má-fé, na tentativa de confundir os trabalhadores que rejeitaram nas assembleias a tabela 3×2 que a empresa quer impor à categoria. A reunião com o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Filho, realizada no último dia 27, não avançou para a construção de uma nova proposta, como tentam fazer crer os gestores da Petrobras.

A mediação foi realizada a partir de provocação feita pelo Sindipetro Duque de Caxias, após o TST suspender a liminar que garantia a manutenção da tabela de turno na Reduc. A FUP participou da audiência apenas como convidada, na tentativa de buscar uma alternativa para o impasse criado pela gestão da Petrobras, que vem descumprindo sistematicamente o compromisso firmado com os trabalhadores no final da greve de fevereiro de 2020, de que implementaria somente as tabelas de turno que fossem negociadas com as entidades sindicais e aprovadas nas assembleias. 

A assessoria jurídica da FUP chama atenção para o fato de que o Acordo de Tabela de Turno que foi negociado pelo Sindipetro Caxias no TST produzirá efeitos somente para os empregados da Reduc, que já estão concluindo as assembleias de aprovação da minuta, mas não alcança os demais sindicatos.

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Ou seja, não há nada de novo em relação ao que já foi decidido pelos trabalhadores nas assembleias realizadas em setembro, quando a categoria voltou a afirmar que não aceita a tabela 3×2 e aprovou mobilizações para se contrapor a imposição feita pela Petrobras. Com o esgotamento das possibilidades jurídicas de avanço em relação a esta questão, mais do que nunca, é fundamental que os petroleiros intensifiquem a luta, participando ativamente das setoriais que estão discutindo a construção de uma grande greve nacional contra o projeto de privatização da Petrobras que Bolsonaro está costurando para levar ao Congresso Nacional.

Propaganda enganosa

A propaganda veiculada pela gestão da Petrobras sobre os preços dos combustíveis não tem compromisso com a realidade dos brasileiros, que enfrentam inflação galopante por causa principalmente dos reajustes abusivos da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha. 

“O anúncio enganoso, em sotaque estrangeiro, adota a estratégia negacionista do Governo Federal, atribuindo a terceiros a causa principal dos aumentos dos preços da gasolina”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembrando que em alguns postos do país já superam R$ 7 por litro. 

A propaganda fala em “transparência”. Mas, para o dirigente, é mesmo “para inglês ver e ouvir”. A empresa esconde a verdade ao não mencionar que os seguidos reajustes são determinados pela política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela empresa e que norteia os demais agentes do mercado”, comenta o coordenador. 

Confira reportagem do ‘Seu Jornal’, na TVT:

Com informações da FUP