Força abre congresso apontando descalabro do ‘pior governo da história republicana’
A central, que acaba de completar 30 anos, também propõe outra “Conclat” para unificar pautas do movimento sindical
Publicado 16/11/2021 - 13h19
São Paulo – Fundada há 30 anos, a Força Sindical abriu nesta terça-feira (16) seu nono congresso apontando o “desastre histórico” representado pelo atual governo. E pedindo união para 2022. “Sem margem para dúvidas, estamos diante do pior governo da história republicana”, afirmou no discurso de abertura o presidente da central, Miguel Torres. Assim, a “dura experiência” da pandemia foi somente mais um, porém o mais importante, “dos descalabros que assolaram o país” desde 2019.
Uma das questões que serão discutidas no congresso, que vai até 8 de dezembro, será a realização de outra Conclat, sigla da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora. O encontro foi realizado pela primeira vez em 1981, em momento de rearticulação do movimento sindical. Em 2010, centrais organizaram nova conferência, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. O objetivo agora, segundo Miguel, é “unificar os programas das centrais e colocar os trabalhadores em movimento para encararmos as eleições de outubro de 2022 com a força e determinação que a situação exige”.
Rastro de destruição e morte
O congresso será quase todo virtual, à exceção de plenária de encerramento, previsto para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Entre os nomes que serão convidados para o evento, estão os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do governador João Doria (PSDB) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A avaliação de que a pandemia ainda exige cuidados. “Seu rastro de destruição e morte será uma ferida de difícil cicatrização especialmente pelo fato de que somente chegamos a esta situação por conta da inépcia do governo Bolsonaro”, criticou o presidente da Força Sindical. “Não há dúvidas que o comportamento criminoso do governo federal potencializou a paralisação econômica, a quebradeira de empresas, especialmente os micro e pequenos negócios, o aumento de desemprego, o retorno do flagelo da fome, mais precarização das relações de trabalho e eliminação de direitos históricos.”
Ele também fez referência à “reforma” trabalhista implementada em 2017. “Constitui-se num revés histórico e profundo à causa da democracia, da luta pela igualdade e pela justiça social, aos direitos dos econômicos, sociais e sindicais dos trabalhadores.”
A Lei 13.467, da “reforma”, também mirou o enfraquecimento da organização sindical, disse o dirigente. Ele fala em período de transição: “O movimento e a estrutura sindical não voltarão a ser o que eram”. Assim, ele aponta a importância das eleições para que os assuntos de interesse dos trabalhadores e suas entidades volte à pauta do governo, como uma reforma sindical, incluindo a questão do financiamento, que valorize a negociação coletiva. Até lá, será preciso que os sindicatos se reestruturem e revejam suas estruturas, considerando até a possibilidade de fusões.
Unidade interna por mudanças
Miguel pediu unidade também interna, devido ao momento político e econômico do país. “Deixemos nossas diferenças de lado. Vamos nos concentrar no que é fundamental, vamos eleger uma nova direção para a Força Sindical, capaz de enfrentar os imensos desafios que teremos pela frente, de forma a ingressarmos no ano de 2022 com a corda toda, afiados para a luta!”, afirmou. Até hoje, apesar de alguma divergência no período recente, a central teve chapa unitária nos congressos.
Por isso, acrescentou, é preciso união em busca de mudanças no país. “O que fica evidente é que este governo, baseado numa pauta econômica ultraliberal e representante dos setores mais reacionários e antidemocráticos da nossa sociedade, fracassou redondamente em dar uma solução social e democrática apropriada aos problemas que mais interessam à maioria do povo e dos trabalhadores”, criticou. “Sua motivação maior é o desmonte do Estado, do serviço público, das políticas públicas”