Transição

Força abre congresso apontando descalabro do ‘pior governo da história republicana’

A central, que acaba de completar 30 anos, também propõe outra “Conclat” para unificar pautas do movimento sindical

Jaélcio Santana
Jaélcio Santana
Miguel (ao centro) pede unificação dos programas das centrais para mudanças políticas e econômicas a partir das eleições do ano que vem

São Paulo – Fundada há 30 anos, a Força Sindical abriu nesta terça-feira (16) seu nono congresso apontando o “desastre histórico” representado pelo atual governo. E pedindo união para 2022. “Sem margem para dúvidas, estamos diante do pior governo da história republicana”, afirmou no discurso de abertura o presidente da central, Miguel Torres. Assim, a “dura experiência” da pandemia foi somente mais um, porém o mais importante, “dos descalabros que assolaram o país” desde 2019.

Uma das questões que serão discutidas no congresso, que vai até 8 de dezembro, será a realização de outra Conclat, sigla da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora. O encontro foi realizado pela primeira vez em 1981, em momento de rearticulação do movimento sindical. Em 2010, centrais organizaram nova conferência, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. O objetivo agora, segundo Miguel, é “unificar os programas das centrais e colocar os trabalhadores em movimento para encararmos as eleições de outubro de 2022 com a força e determinação que a situação exige”.

Rastro de destruição e morte

O congresso será quase todo virtual, à exceção de plenária de encerramento, previsto para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Entre os nomes que serão convidados para o evento, estão os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do governador João Doria (PSDB) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A avaliação de que a pandemia ainda exige cuidados. “Seu rastro de destruição e morte será uma ferida de difícil cicatrização especialmente pelo fato de que somente chegamos a esta situação por conta da inépcia do governo Bolsonaro”, criticou o presidente da Força Sindical. “Não há dúvidas que o comportamento criminoso do governo federal potencializou a paralisação econômica, a quebradeira de empresas, especialmente os micro e pequenos negócios, o aumento de desemprego, o retorno do flagelo da fome, mais precarização das relações de trabalho e eliminação de direitos históricos.”

Ele também fez referência à “reforma” trabalhista implementada em 2017. “Constitui-se num revés histórico e profundo à causa da democracia, da luta pela igualdade e pela justiça social, aos direitos dos econômicos, sociais e sindicais dos trabalhadores.”

A Lei 13.467, da “reforma”, também mirou o enfraquecimento da organização sindical, disse o dirigente. Ele fala em período de transição: “O movimento e a estrutura sindical não voltarão a ser o que eram”. Assim, ele aponta a importância das eleições para que os assuntos de interesse dos trabalhadores e suas entidades volte à pauta do governo, como uma reforma sindical, incluindo a questão do financiamento, que valorize a negociação coletiva. Até lá, será preciso que os sindicatos se reestruturem e revejam suas estruturas, considerando até a possibilidade de fusões.

Unidade interna por mudanças

Miguel pediu unidade também interna, devido ao momento político e econômico do país. “Deixemos nossas diferenças de lado. Vamos nos concentrar no que é fundamental, vamos eleger uma nova direção para a Força Sindical, capaz de enfrentar os imensos desafios que teremos pela frente, de forma a ingressarmos no ano de 2022 com a corda toda, afiados para a luta!”, afirmou. Até hoje, apesar de alguma divergência no período recente, a central teve chapa unitária nos congressos.

Por isso, acrescentou, é preciso união em busca de mudanças no país. “O que fica evidente é que este governo, baseado numa pauta econômica ultraliberal e representante dos setores mais reacionários e antidemocráticos da nossa sociedade, fracassou redondamente em dar uma solução social e democrática apropriada aos problemas que mais interessam à maioria do povo e dos trabalhadores”, criticou. “Sua motivação maior é o desmonte do Estado, do serviço público, das políticas públicas”


Leia também


Últimas notícias