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Em período tenebroso com governo criminoso, CUT faz plenária para renovar estratégia

Além de combater o caos político e o trabalho precário, central quer discutir modelo nacional de desenvolvimento

Roberto Parizotti/CUT
Roberto Parizotti/CUT
Para o presidente da central, além do cenário adverso, é preciso discutir as novas modalidades do mercado de trabalho

São Paulo – Com quase mil delegados, a CUT realiza de quinta-feira a domingo (21 a 24) sua 16ª Plenária, a primeira no formato virtual nos 38 anos de história da entidade, completados em agosto. Encontro realizado entre os congressos nacionais (o mais recente foi em 2019), a plenária rediscute as estratégias políticas e de organização da central, em momento adverso. Na anterior, em 2017, uma das preocupações era a então recente “reforma” trabalhista aprovada no governo Temer, com a promessa de “milhões” de empregos, que nunca vieram.

Assim, no ano seguinte, viriam as eleições, com o candidato favorito impedido de participar: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido preso em abril. Só sairia do cárcere da Polícia Federal em Curitiba no final de 2019. Na onda conservadora, foi eleito o candidato da extrema direita. Agora, novamente o país vive a expectativa de um ano eleitoral.

Fim do governo

“A luta pelo fim deste governo é tarefa principal da sociedade brasileira. É o caminho para reconquistar direitos brutalmente atacados”, afirma a secretária-geral da CUT, Carmen Foro. Um ataque que começou, acrescenta, a partir de 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff. A ex-presidenta faz conferência no primeiro dia, ao lado do ex-chanceler Celso Amorim.

“Vivemos um período tenebroso, como nunca visto na história recente do país”, diz o presidente da central, Sérgio Nobre. “A classe trabalhadora e seus representantes legítimos – o movimento sindical – nunca foram tão atacados como nesse governo desqualificado e criminoso”, emenda o dirigente, que logo depois de eleito já apontava o que seria o atual governo.

Desemprego e pandemia

Em um país que já sofria com o desemprego, veio a pandemia, que agravou a crise. Agora, a inflação segue trajetória de alta, prejudicando principalmente os que ganham menos. Sem políticas adequadas de proteção, aumento do trabalho prec´ário e ausência de um projeto de desenvolvimento, aponta a CUT. O dirigente destaca a necessidade de novas formas de organização, que considere a realidade do mercado de trabalho. “Vamos debater este cenário adverso, as novas formas e modalidades de trabalho e apontar caminhos imediatos e futuros para a organização da nossa central de forma a representar esses trabalhadores e trabalhadoras.”

Sérgio Nobre faz um recorte histórico para mostrar as transformações que o país sofreu desde 2010: o desemprego estava nos menores níveis históricos, havia políticas sociais e prestígio internacional. “Onze anos depois, temos um estrago profundo, com desemprego recorde, ataques aos direitos, a volta da fome e da pobreza. Hoje, 20 milhões de pessoas passam dias sem ter o que comer”, afirma. “Não tem como seguir neste país com Bolsonaro governando.” Por outro lado, ele observa que o movimento sindical conseguiu barrar iniciativas do governo no Congresso, além de um maior valor no auxílio emergencial.

A plenária, que terá abertura na noite de amanhã (20), ganhou o nome de dois ex-presidentes da CUT, que morreram recentemente: João Felício e Kjeld Jakobsen. O texto de apresentação do evento fala em reinvenção. Agimos com prudência e responsabilidade, seguindo as orientações e os protocolos científicos. Encaramos as inúmeras dificuldades com a utilização de recursos tecnológicos e plataformas de comunicação digital até então pouco usuais para quase todos nós.”


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