RETALIAÇÃO

Leilão de sede dos metroviários de São Paulo é ‘guerra de Doria’ contra categoria

Wagner Fajardo diz que venda do espaço é resposta do governo estadual contra as greves dos trabalhadores

Paulo Iannone / Sindicato dos Metroviários
Paulo Iannone / Sindicato dos Metroviários
Wagner Fajardo: 'Na próxima quarta-feira (23), vamos fazer um grande ato na sede do sindicato em defesa desse patrimônio da categoria'

São Paulo – O leilão realizado pelo governo de São Paulo da sede do Sindicato dos Metroviários, no último dia 28, é um nítido ataque de João Doria contra a categoria. Na avaliação de Wagner Fajardo, coordenador do sindicato, a venda do prédio é “uma guerra” decretada pelo governador contra os trabalhadores.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, nesta sexta-feira (18), Fajardo diz que o leilão promovido pelo governo de São Paulo coincide com a luta dos metroviários pela garantia de seus direitos. No dia 19 de maio, os trabalhadores do Metrô de São Paulo realizaram uma greve contra os ataques do governador aos direitos coletivos. Para o sindicalista, o despejo é uma resposta de Doria.

“O mais grave da história é que não fomos contatados pelo governo estadual, apenas recebemos a ordem de despejo. Depois, soubemos por meio da imprensa que estavam abrindo um processo de licitação para leiloar a sede”, relatou Wagner, que promete manifestações na próxima semana. “É uma guerra. A nossa sede foi leiloada por um preço abaixo do mercado e durante a nossa campanha salarial. Um dia antes da primeira reunião dos trabalhadores recebemos uma ordem de despejo. Na próxima quarta-feira (23), vamos fazer um grande ato na sede do sindicato em defesa desse patrimônio da categoria.”

O coordenador do sindicato lembra que o terreno foi cedido pelo governo de São Paulo no final da década de 1980 pelo regime de comodato, uma espécie de empréstimo sem custos. Para vender o imóvel, a gestão Doria alega que o Estado precisa fazer caixa após queda do número de passageiros por conta da pandemia. Segundo matéria da Folha de S.Paulo, o governo alega que o termo de permissão de uso estabelece que as construções feitas ali serão incorporadas, o que deixaria os trabalhadores sem direito a receber pelo prédio que levantaram no local.

“Estamos batalhando para manter o espaço, que não é só nosso. Há mais de 30 anos, é um local de organização de movimentos sociais e que fortalece a democracia em São Paulo. O governo do estado decidiu promover uma guerra contra os metroviários”, criticou Fajardo.

Licitação duvidosa

O metroviário coloca em dúvida a empresa que ganhou a licitação, a UNI 28, criada com o nome do lote que o Metrô colocou na licitação. Segundo ele, a empresa foi registrada no dia 3 de maio, depois do edital, com capital social de R$ 10 mil, e ganhou o leilão com R$ 9,1 milhões e, em conversa com o Metrô, publicamente, chegou a R$ 14,4 milhões.

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo entrou com uma ação no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para denunciar os vícios no processo do leilão da sede. Porém, não obteve sucesso para adiar a licitação. “Agora, estamos entrando com uma ação para que seja suspenso, pois houve várias irregularidades”, disse Wagner, que levanta suspeita sobre a empresa vencedora. “A empresa que venceu o processo é suspeita, porque se apresentou como uma microempresa, mas tem uma grande corporação por trás dela”, alertou.

A sede foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1990, usando recursos da própria categoria para a construção. Conta com quadra poliesportiva, estúdio musical, salas e área de lazer. Ao longo dos anos, recebeu inúmeras atividades como atos, assembleias, congressos, eventos esportivos, festas, entre outros, além de diversos artistas, parlamentares, intelectuais, movimentos e organizações.


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