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Greve no Metrô de São Paulo afeta linhas 1, 2, 3 e 15

Companhia do Metropolitano não vai a conciliação, não melhora proposta e trabalhadores responsabilizam governo pela paralisação, que afeta parcialmente as operações

Reprodução
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São Paulo – O Metrô de São Paulo amanheceu nesta quarta-feira (19) com a maioria de suas operações paralisadas. A greve foi decidida ontem, em assembleia, depois de a companhia, gerida pelo governo do estado, não comparecer a audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho. A mediação convocada pelo TRT buscaria solucionar o impasse nas negociações, em que o governo se recusa a melhorar proposta rejeitada pela categoria.

Com isso, as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelho e 15-Prata começaram o dia com as estações fechadas. Alguma estações que operaram transferências para linhas não afetadas por essas negociações estão funcionando. A linha 1 tem a estação Luz aberta só para transferência para a 4. Mas na linha 2, a estação Chácara Klabin, com transferência para a linha 5-Lilás, ainda permanece fechada. A estação Consolação da linha 2 está aberta para acesso à linha 4. A linha 3 está fechada no Brás, na integração com a CPTM, e aberta na estação República, para a linha 4. As informações são do Metrô, via Twitter, e podem ser atualizadas a qualquer momento.


Metroviários de São Paulo rejeitam proposta, criticam governo e marcam greve para esta quarta


Antes de decidirem entrar em greve, os trabalhadores do Metrô haviam rejeitado proposta da companhia de reajuste de 2,61% a partir de janeiro de de 2022, mas não retroativo à data-base (1º de maio). O índice seria aplicado também para os vales refeição e alimentação. O pagamento da participação de resultados (PR) ocorreria apenas em 31 de janeiro do ano que vem. A empresa pretende mexer também em diversos itens do acordo coletivo, como a gratificação por tempo de serviço e de férias, além do adicional noturno.

O metroviários reivindicam reajuste com base na inflação. Além disso, reclamam o pagamento da PR dos últimos dois anos, uma vez que não foram feitos pelo Metrô. O Ministério Público do Trabalho (MPT) formulou uma proposta alternativa. Entre outros itens, previa reajuste de 9,7% em três parcelas: maio deste ano e janeiro e maio de 2022. O Metrô rejeitou essa proposta.

Governo é responsável pela greve

Na live que antecedeu a assembleia, os coordenadores do sindicato dos metroviários responsabilizaram a empresa e o governo paulista pelo impasse e pela greve. E refutaram a alegação de que não há recursos disponíveis. “Tem dinheiro, sim. A discussão é pra onde vai o dinheiro”, afirmou Altino Prazeres. “Há um desrespeito da empresa em relação à categoria metroviária. A culpa dessa greve é do governo de São Paulo. Do Doria (o governador João Doria, do PSDB), do secretário de Transportes e de seus representantes.”

“Essa indignação é resultado do desrespeito do governo Doria”, reforçou Camila Lisboa. “Estamos trabalhando desde que começou a pandemia, estamos nos arriscando.” O sindicato diz que os contaminados já chegam a 700 e houve pelo menos 25 mortos em consequência da covid-19. “Cumprimos todas as etapas do processo, participamos de todas as negociações. O governo quer destruir nosso acordo e desmoralizar a categoria. Quem fechou o diálogo foi o Metrô.”

“Queremos deixar claro: queremos só manter o nosso acordo coletivo. Nós só queremos reposição das perdas salariais, que nos paguem a PR devida”, disse ainda Wagner Fajardo.

Além da campanha salarial, o sindicato se organiza para manter a sede da entidade, no bairro do Tatuapé, zona leste. O prédio foi construído em terreno cedido há décadas pelo governo estadual, em regime de comodato, e agora o Executivo quer leiloar o local.