'Restruturação'

Greve do Banco do Brasil começa com repressão policial no DF

Mobilização de 24 horas é resposta ao plano de desmonte que prevê o fechamento de centenas de agências e postos, além do corte de 5 mil funcionários e redução de direitos

Reprodução/Bancários-DF
Reprodução/Bancários-DF
Trabalhadores alertam que fechamento de agências e demissões apontam para a privatização do Banco do Brasil

São Paulo – Funcionários do Banco do Brasil realizam greve de 24 horas nesta quarta-feira (10) contra o fechamento de agências, retirada de direitos e demissões. Uma reunião realizada nesta terça-feira (9) na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT) com a direção do BB fracassou. Os trabalhadores apostam na mobilização da categoria para forçar uma nova negociação.

Em diversas partes do país, as agências amanheceram fechadas. Na capital federal, durante a manhã, um grupo de 200 trabalhadores chegou a fechar a sede do BB, onde fica o cofre central. A direção do banco acionou a Polícia Militar, que usou bombas de gás e spray de pimenta para evacuar o local. Apesar da repressão, a adesão à paralisação é de cerca de 60% em todo o Plano Piloto, de acordo com o Sindicato dos Bancários de Brasília.

Em São Paulo, os trabalhadores também conseguiram fechar o cofre principal, que fica na região central da cidade. Não houve registro de ocorrência policial. A adesão também ocorre em diversas agências, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que deve divulgar um balanço das atividades até o final do dia.

“A greve é importante para reivindicar respeito do banco por nós. Principalmente neste momento de pandemia, onde todo mundo está fazendo esforço hercúleo para manter as atividades do banco, gerando lucro. O BB deve soltar mais um resultado positivo amanhã. Isso é fruto do trabalho dos funcionários, não é por mágica”, declarou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

Desmonte do Banco do Brasil

Anunciado em janeiro, o “plano de restruturação” do BB, que os funcionários classificam de “desmonte“, deve começar a ser aplicado a partir de hoje. O plano prevê a demissão voluntária de 5 mil funcionários e o fechamento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios. Além disso, os bancários reclamam do descomissionamento de caixas e outras funções.

Foi justamente o fim das comissões para escriturários que exercem a função de caixa que causou o fim das negociação que estava sendo intermediada pelo MPT. O banco chegou a propor a suspensão do descomissionamento por 30 dias. No entanto, a proposta foi considerada insuficiente pelos trabalhadores. Fukunaga também afirmou que a direção do BB continua se negando a informar quais agências serão fechadas.

O fechamento dessas agências, segundo o dirigente, vai dificultar a oferta de crédito para os pequenos negócios, agravando ainda mais o cenário de desemprego no país. Por outro lado, o BB também é responsável pela quase totalidade do crédito concedido aos agricultores familiares. Como resultado, a produção deve ser prejudicada, pressionando o preço dos alimentos.

Ana Marta Lima, que é dirigente sindical, participou da paralisação em São Paulo. Ela alertou para a importância do trabalho dos caixas durante a pandemia:

Na capital mineira, o presidente do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Ramon Peres, destacou que são os bancos públicos que fomentam a economia em pequenos municípios. De acordo com o dirigente, são 970 cidades no país que não contam com sequer uma agência dos bancos privados.

Greve e tuitaço

Além das paralisações e atividades presenciais, os trabalhadores do BB também estão promovendo atividades virtuais contra o plano de desmonte. Com as hashtags #MeuBBvalemais e #BBparado os bancários pretendem conscientizar sobre os danos decorrentes do fechamento das agências, angariando o apoio da população. Durante a manhã, o termo “Banco do Brasil” acumulou mais de 12 mil menções no Twitter.

Confira algumas das manifestações:


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