Mobilização

Petroleiros apoiam greve dos caminhoneiros, que começa dia 1º

Durante a paralisação, sindicatos da Fup vão distribuir botijões de gás, cestas básicas e máscaras. Preço alto do diesel une as categorias

Ana Paula Amorim
Ana Paula Amorim
Dayvid Bacelar, da Fup: Aumento no preço dos combustíveis é a principal motivação para a greve com apoio dos petroleiros

São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados vão apoiar a greve dos caminhoneiros, que começa na próxima segunda-feira, 1º de fevereiro. O movimento é encabeçado pela Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB).

De acordo com a FUP, o apoio dos petroleiros consiste em ações localizadas em todo o país, articulando o protesto à solidariedade à população brasileira que enfrenta os efeitos de uma grave crise política, sanitária e econômica, com altas taxas de desemprego e perda de renda.

A pauta dos caminhoneiros inclui 10 itens, mas a principal reivindicação, apoiada pelos petroleiros, é o aumento no preço dos combustíveis, que consideraram abusiva. O preço do diesel representa até 60% no custo da viagem e tem impacto também no preço do produto final, como insumos e alimentos, prejudicando toda a população.

Gasolina mais cara

Hoje (27), a Petrobras eleva novamente os preços da gasolina e do diesel. O preço médio da gasolina entregue ao mercado vai para R$ 2,08 para as distribuidoras, o segundo aumento em menos de dez dias em 2021. Já o diesel terá o primeiro aumento desde 29 de dezembro, e vai para R$ 2,12 por litro em média, para a distribuidora. Em 2020, o produto teve 20 reajustes.

Estudo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep) aponta o preço do óleo diesel no Brasil como o segundo mais caro do mundo. Fica atrás do alemão.

Segundo o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, os reajustes estão ocorrendo desde outubro de 2016, quando o mercado privado pressionou a Petrobras a mudar sua política de preços para viabilizar a privatização da empresa.

Privatização da Petrobras

No início do mês, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Agência Nacional do Petróleo (ANP), alegando que a Petrobras vendia combustível abaixo da média internacional, prejudicando a concorrência, no mercado de derivados de petróleo.

“Essa é uma amostra do que acontecerá com o país, caso a privatização avance: sem compromisso com a responsabilidade social, apenas com o lucro. Com a privatização, a tendência é que o preço dos derivados aumente muito mais. O projeto para o setor de petróleo e gás que o país está seguindo é o de submissão ao mercado internacional, sem o mínimo debate sobre os interesses do povo e a soberania energética”, disse Bacelar.

A expectativa é que a greve dos caminhoneiros, com data para começar e sem data para terminar, possa superar a de 2018, já que há maior conscientização da categoria e da população sobre as pautas envolvidas, com efeitos para toda sociedade.

Confira as ações já confirmadas pelos sindicatos ligados à FUP em todo o país durante a greve dos caminhoneiros:

Sindipetro/AM: doação de 40 cestas básicas, com medidas preventivas, levando em conta o lockdown estabelecido na cidade.

Sindipetro/CE-PI: protesto e campanhas com outdoors, sem aglomerações devido ao agravamento da pandemia de covid-19.

Sindipetro/ES: juntamente com motoristas de aplicativos e motoboys farão carreata do aeroporto até a sede antiga da empresa, com distribuição de voucher de desconto em combustíveis líquidos no final da atividade para até 100 veículos. Limitado a 20 litros para carros e 10 litros para motos. Após a carreata, se juntarão às atividades das centrais sindicais previamente programadas.

Sindipetro/Caxias/RJ: distribuição de 100 cestas básicas e 1.000 máscaras para comunidades carentes da Baixada Fluminense.

Sindipetro/MG: doação de 100 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social e atos deliberados juntamente com as Centrais Sindicais.

Sindipetro Unificado/SP: distribuição de 200 botijões de gás.

Sindipetro NF/RJ: doação de 100 botijões em Padre Miguel.

Sindipetro/RS: Subsídio de 100 botijões de gás no município de Esteio.

Sindipetro/BA: Ato na RLAM pela manhã, com doação de 200 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social, carreata com motoristas de aplicativos e ato juntamente com as centrais sindicais, à tarde.

Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima


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