Reação

Trabalhadores da Embraer entram em greve contra demissões e ‘supersalários’

Recursos aos funcionários do alto escalão cobririam os salários dos trabalhadores demitidos. Três executivos têm salários acima de R$ 1 milhão por mês

SindMetalSJC
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Paralisação começou após a Embraer anunciar 900 demissões

São Paulo – Trabalhadores da Embraer decidiram nesta quinta-feira (3) iniciar uma greve contra as demissões anunciadas pela empresa. No mesmo dia, a empresa demitiu 900 funcionários que estavam em licença remunerada. A eles se juntam outros 1.600 que aderiram ao programa de demissão voluntária (PDV).

Além da reversão das demissões em massa, os trabalhadores em greve também protestam contra os supersalários na Embraer. Ou seja, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos propõe um teto de R$ 50 mil para os executivos da empresa.

A justificativa é que, com os salários que excedem esse valor, seria possível arcar com o pagamento de todos os demitidos. Processo que corre na 3ª Vara Federal de São José dos Campos identificou três cargos com salários acima de R$ 1 milhão por mês. Há ainda o registro de 46 salários superiores a R$ 100 mil e 127 superiores a R$ 50 mil (dados de abril).

Entretanto, segundo cálculos realizados pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), os recursos destinados ao pagamento 170 funcionários do alto escalão – entre conselheiros e diretores – que ganham acima de R$ 50 mil pagariam os ordenados de 2.553 trabalhadores da Embraer.

Os 900 trabalhadores demitidos correspondem a 4,5% do quadro total da companhia.

Negociação

Após o início da paralisação, decidida em assembleia na portaria da matriz, em São José dos Campos, durante a tarde, uma comissão dos trabalhadores realizou reunião com a direção da empresa. Nela, foram apresentadas as demandas pelo cancelamento das demissões, estabilidade no emprego e equalização salarial. A Embraer se comprometeu, então, a dar resposta a essas reivindicações nesta sexta-feira (4).

Além disso, os trabalhadores realizam hoje uma assembleia virtual para decidir os rumos da greve. “A deflagração da greve é um grande passo na luta em defesa dos empregos”, afirmou o diretor dos metalúrgicos Herbert Claros.

Edição: Helder Lima