Mobilização

Nestlé investe no país, mas se recusa a pagar direitos trabalhistas

Trabalhadores em Vila Velha (ES) protestam em frente a uma das fábricas da multinacional, que anunciou investimento de R$ 763 milhões nas operações no Brasil

Divulgação
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Instalações industriais da Garoto em Vila Velha (ES): marca foi comprada pela multinacional suíça em 2002

Brasil de Fato – A Nestlé anunciou que planeja investir R$ 763 milhões nas operações no Brasil em 2020, mas se recusa a pagar todos os direitos trabalhistas. É por este motivo que trabalhadores em Vila Velha (ES) protestam nesta terça-feira (22) em frente a uma das fábricas da multinacional desde às 6h. A manifestação segue até às 17h. 

Com data-base em junho, a empresa suíça se nega a pagar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), acertada em acordo coletivo há cerca de 30 anos. Também propõe reduzir o vale-alimentação em 51,4%, de R$ 680 para R$ 350.

De acordo com a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação do Espírito Santo (Sindialimentação-ES), Linda Morais, a empresa também buscou reduzir o piso salarial, mas recuou após pressão dos trabalhadores.

“Tivemos casos de trabalhadores infectados por covid-19, mas a produção não parou em nenhum momento. Não é justo a Nestlé neste momento querer cortar cerca de 50% do arroz e feijão dos trabalhadores, que é uma ajuda na alimentação que faz diferença, nem é justo a Nestlé não entregar a participação nos lucros. Por isso, vamos sim para o enfrentamento e se preciso for faremos greve para defender os direitos dos trabalhadores”, afirma Linda.

Situação similar à dos trabalhadores do Espírito Santos vivem os trabalhadores baianos. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins do Estado da Bahia (Sindialimentação-BA) tem feito uma série de pressões junto à empresa para garantir direitos.

Com data-base em abril, a entidade sindical tem realizado igualmente protestos na porta da fábrica em Feira de Santana (BA), em setembro, mas até o momento não recebeu retorno com relação à campanha salarial e à manutenção de direitos. 

“Esperamos que a maior empresa de alimentos do mundo, presente em 200 países, que tem o Brasil em quarto lugar no ranking mundial, valorize os trabalhadores e não cause maior precarização, redução de salário e extinção de benefícios conquistados ao longo dos últimos anos”, afirma o secretário de Organização do Sindialimentação Bahia, Eduardo Sodré, também diretor da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da Central Única dos Trabalhadores (Contac-CUT).

De acordo com Sodré, a empresa igualmente se nega a pagar a PLR também aprovado coletivamente há 30 anos. Na Bahia, a Nestlé propõe reduzir o ticket alimentação de R$ 675 para R$ 350 e o piso salarial de R$ 1.490 para R$ 1.250, situações ainda em discussão.

“Os trabalhadores têm garantido o aumento do lucro da empresa mesmo durante a pandemia de covid-19 e recebem como resposta o descaso. Sabemos também que houve um crescimento global de 18,3% no lucro líquido no primeiro semestre de 2020”, destaca o dirigente.

Sodré se refere ao crescimento informado pela empresa neste ano, com relação aos dados do primeiro semestre de 2020. A multinacional obteve lucro líquido de 18,9 bilhões de francos suíços, o que equivale a R$ 114,34 bilhões, uma alta de 18,3% com relação a 2019.

Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de comunicação da Nestlé no Brasil e não obteve retorno até a publicação desta reportagem.


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